27.12.09

Há dias em que a gente acorda pra ler, outros para ser lido.
Há muito eu quero ser lida, mas não dou essa chance a ninguém, então eu leio. Hoje acordei decidida a ler, e não li, então acho que é para eu ser lida.
Ao Dileto, a nossa história:
Dos primeiros dias, que marejavam mais os olhos que qualquer ácido, eu posso dizer o quão difícil foram. Tão sonhadora, tanto quanto se pôde ser (e talvez até mais, quando na cama, sonhando - ou não dormindo). Comparando o que se tem o que quer ter (mas se quer porquê não tem?)
Depois de algumas noites de tantos sonhos, já acostumada com a presença noturna aprendi: Era só adormecer e a distância de alguns quarteirões era rompida. Ora próximos demais, sobre a mesma cama, ora em ruas empoeiradas (tudo tem sua referência). E no outro dia, segunda feira. Mãos dadas no ônibus, um caminho tão curto, tornava-se ainda mais rápido, parece que o motorista sabia, dois apaixonados proibidos dividiam o braço de uma poltrona do último assento, corre pra diminuir o tempo do encontro semanal. E quando ainda mais às escondidas encontrava-se com o friozinho na barriga de que enfim seria o grande dia, e nunca - por um motivo ou outro - era. O Grande dia, enfim, só chegou no que foi esperado como a última chance. Depois de tantas situações favoráveis a escolher, a mais desfavorável nos escolheu, fazendo daquele momento um dos mais vivos na memória. Tanto tempo depois, onde tudo parecia adormecido, aparece a vida que se queria ter. Os sonhos se tornaram, enfim, verdade. E eu não precisava mais dormir para encontrar, com os olhos abertos olhando em frente podia vê-lo. No reflexo do espelho, na direção dos olhos, ao alcance das mãos.
Um dos amores mais bonitos que eu já vi fora das artes.
Mas o tempo passou... e o que antes me ardia os olhos agora me faz florecer sorriso, o que antes doía agora admira-me. Com a sensação de satisfação, não de missão cumprido, só de satisfação. E quando pelos dias pego-me na presença de alguém com semelhante aparência só posso sentir um pensamento vagando no ar, saindo de mim. Um pensamento fora do corpo, do tempo e de todas as coisas presentes, como um sopro de coragem, uma injeção de ânimo. Então volta-me a lucidez - como sempre e a vida continua, sempre a mesma.

14.12.09

Da morte.

A perda é definitivamente uma das coisas mais estranhas que podemos lidar.
Especialmente quando ela é perto o suficiente pra desencadear uma série de pensamentos e sentimentos que nunca havíamos sentindo, mas não tão perto a ponto de perder a cabeça. Acreditar que as coisas só acontecem na hora em que devem acontecer sempre fez parte da minha filosofia, mas é difícil engolir o fato quando a tragédia envolve duas jovens de 19 e 20 anos. Parece tão cedo. Nem tão longe, nem tão perto de mim. Na distância suficiente pra sentir; É dificil até mesmo de acreditar, é tão surpreendente.
Diante da situação o sentimento principal é medo. Se aconteceu com elas, pode ser com qualquer um. Não é a morte que me assusta, é a perda, o espaço em branco, a lacuna que aos poucos vai ficando. Quantos amigos nós podemos perder, parentes, família... Quantas pessoas a gente ama e pode a qualquer momento ter a vida ceifada por um acidente ou por qualquer outra coisa?
O corpo de qualquer vida pode de repente estar coberto de margaridas brancas e amarelas sob um véu branco, dentro de um caixão com uma coroa de flores em sua cabeceira. Pode ser com qualquer um, eu, você, seu melhor amigo, teus pais, teu filho ou o amor da sua vida.
Não pense que 'comigo não acontece'. Só é preciso uma coisa pra morrer: Estar vivo. Acredite, pode acontecer com você, e um dia provavelmente acontecerá. Esteja preparado, se dispessa sempre da melhor maneira possível e não esconda seu amor. A dor de uma perda é enorme e inversamente proporcional à distância sentimental que temos da pessoa. Mas no fim das contas eu continuo sentindo medo.

31.10.09

Eu preciso criar!
Sinto necessidade de reencontrar meus talentos em algum beco escuro, ou no primeiro sol da manhã, é onde as fotos ficam melhores. Venham a mim pequenos, sejam meus, permitam-se ser feitos, venham!

Isso é aquele vazio que dá quando você quer saber o que sabia, mas não encontra mais o caminho. É o que chamam de 'perder a mão'.

23.10.09

Caminho das flores;

Dos caminhos que já andei, e das pessoas que já amei só me restaram as lembranças.
Como um sopro, por um caminho comum, uma jorrada de velhos pensamentos me passaram pela cabeça. Todos os cheiros...
Alguns eu pude me lembrar dos nomes, outros eu só tive a lembrança. Cada vez em ruas empoeiradas, árvores e beijos escondidos, nomes escritos em portões, pinturas em espelhos, porres e cigarros omitidos, calças brancas e cabelo com gel, amizades coloridas, homens-gibi, banheiros químicos, dormir e acordar, pôr-do-sol... Coisas que só eu posso assimilar, são lembranças só minhas.
Pelo meu caminho das flores eu lembrei de todos meus amores, na rua eu vi de um a um, todos como sempre foram para mim. Os bonzinhos que se tornaram canalhas, os canalhas que se tornaram bonzinhos e canalhas que vão morrer canalhas mesmo... Os que amei, e os que sempre vou amar, como carma da minha alma.
Meus amores eu encontrei hoje, e não é com nostalgia que lembro e sim com uma saudade grata de ter tido cada um deles como pilar para ser quem eu sou. Cheia de um pouco de cada um deles, e agora cheia de mim - e que cheia seja entendida como todos os sentidos bons e os pejorativos também para melhor compreensão do que digo.
Posso dizer, que cada rua empoeirada que caminhei me trouxe hoje para o caminho das flores, onde tudo se tornou o passado mais bonito que pude construir.

30.9.09

Daquela canção de amor

Aquela, que eu não podia ficar sem escrever...
Seria uma canção pra ele, ia falar do meu amor,e de cada detalhe: de todos os póros, do suór e dos fios de cabelo nele grudados. Das lágrimas que por desventura derramei, ou o fiz derramar, e como dói lembrar da dor que o fiz passar, sempre brigas tão desnecessárias. Mas ás vezes ele bem que merece, eu sofro tanto por ele ser como é, e ainda assim eu amar, e querer tanto tano!
E até aquela canção de amor, talvez ele não faça questão.. já ouve tantas boas por aí, pela noite, pelos bares, pelos shows... ele canta, toca, conhece a técnica, a música. Quem sou eu?
Deixa essa canção pra lá, ele nem deve querer mesmo.

29.9.09

Os males do espírito

É um cansaço tão grande!
Eu sinto vir de dentro pra fora, como uma rajada de vento que toma a direção que quer, só que mais lento e minuncioso, consumindo mais, mais doloroso, como fogo que vem queimando.... Devagar;
Enquanto eu sinto na minha cabeça uma explosão de cores e sons que me confundem até o último instante, até a vir, de novo, a sensação de que o mundo vai acabar. Parece que cada minuto é uma hora, e que isso não vai passar nunca.

28.9.09

Do que foi, e do que ainda vai ser.

Sabe essa saudade que ás vezes dá de nós mesmos?
De ser como era antes, mais profunda, mais talentosa, mais dedicada às coisas tão mais importantes que o trabalho.. Estudar só por querer saber, tirar fotos, ler romance e novelas, tomar banho durante a tarde, e fazer bolo de cenoura pro namorado.
Queria ter aprendido a tocar violão e fazer uma canção pra ele, uma canção pra nós. Mas eu não aprendi, quando decidi dedicar-me à isso tive que me dedicar à outra coisa. Daí eu podia escrever um verso, mas pra isso não sou tão boa; não sei se seria boa fazendo uma canção também... mas eu nunca tentei, e só dá pra saber depois que tenta.
Deu vontade de escrever como antes, me desprender do que me interrompe, do que me regula. Mas pareço não poder mais.
A gente muda, não muda? Eu nunca mais vou poder ser como antes? Vou sentir essa saudade pra sempre? Eu quero às vezes poder ser como antes e pintar a ponta do cabelo, usar samba canção, ouvir róquinrol... E não só estar acordando às 7:40, tomar banho, me arrumar e ir pro trabalho, almoçar, em 10 minutos, minha comida fria no fundo da loja da maneira mais desconfortável possível, e voltar para o balcão sem uma perspectiva de melhoria. Sem meu violão que eu deveria conhecer, sem O Lobo da Estepe, A hora da Estrela ou nenhuma outra grande obra pra me acompanhar no bolso.
A questão é que de repente, no escuro, tudo ficou mudo (exceto um gato ao fundo miando agonizando a fome ou a dor) e me deu a impressão de que o mundo ia acabar e eu ainda não tinha feito nada do que eu queria fazer para mudar o meu mundo, é claro. Eu estava longe do meu bem, sozinha no escuro e sentindo saudade de mim.
Não pode acabar, eu ainda não fiz aquela canção de amor.

29.8.09

Da vida que se 'véve'

E me disseram uma vez que tem gente que vive e gente que véve, agora eu acredito ainda mais nisso.
Acorda-se todos os dias, ao mesmo horário e faz-se as mesmas coisas. Às vezes procurando problemas... E depois se preocupando... Gastando tempo e energia pra resolver os problemas que foram criados à toa, não são meus, mas preciso solucionar. Problema resolvido. Uffa!
Hora de criar outro.
Mais um dia se levanta e mais uma vez estou de pé. Acordar cedo pra fazer sempre a mesma coisa, apática, insensível... Sempre parelela à minha vida real que era cheia de cores, vibrações, fortes emoções, e nada mais importante que pobres dilemas criados. E fui contaminada por isso. Pessoa que olha e não vê, que pensa demais nas coisas grandes e não observa as pequenas.
A vida precisa de um motivo maior pra ser vivida, se não a gente só véve, já me foi dito, e acreditado. O Sonho precisa existir, e resistir aos ventos que sopram contrários.

5.8.09

O poder dos meus sonhos..

O poder dos sonhos...
Acordei tão sufocada quanto passei a noite toda. Sonhar com a própria morte, eu sobre meus quadris não podia me levantar e então repousei eternamente em meio às papoulas de seu ópio. Em outra vida vi os caminhos por onde andei. Tão tortuosos! Chegou a guerra, o combate começou e eu não lutei, me recolhi sob as águas calmas do jovem rio que dava em lugar nenhum. O rio que não conhecia mais nada, não havia afluentes e não encontrava com o mar. Afundei como se respirasse como peixes, mas não tinha guelras. Minha respiração era inexistente. Caminhando pela estrada sob a sombra das árvores que cobriam meu caminho repousava um espelho, ali um anjo com asas fartas pintava enquanto cantava um mantra: 'combinamos, combinamos'; Assisti a cena e segui meu caminho revendo minhas pegadas no chão de areia, cada passo tão pequeno e lento remetia à lembranças de uma vida que eu não sabia existir, mas agora eu descobri: feneceu. De repente acabou.

4.8.09

Cada mínimo detalhe do corpo foi apreciado de maneira sublime e apaixonante.
Foi tão lindo quanto a realidade nunca poderia ser.




30.7.09

Os olhos marejados indicam exatamente o que queria evitar: A tão esperada dor, que mais cedo ou mais tarde chegaria.
A dor que deixa mais viva as sensações, quantas decepções, frustrações.. Quantas, uma após a outra. A vida se tornou, de repente, tão morna. Eu, tão conformada com as coisas que eu mudaria drasticamente se não fosse só do meu jeito, tão receptiva a qualquer informação, boa ou ruim, seja lá qual for. Tão, sem querer, atenta aos pequenos detalhes que entregavam todos os pequenos erros de um amor tão consciente e sóbrio, que alguém precisou tirar-lhe do sério.
Traz, essa dor que escorre pelos olhos, as lembranças de um caminho que forçadamente foi preciso tomar. E de um que por opção mais fácil, duas vezes, foi escolhido. Um remorso, aquele velho 'e se?'
A vida que está aparentemente completa clama por algo a mais. Por uma mudança, uma esperança brilhando no fim da reta, qualquer sinal que diga: "Ei, resista! Seu mundo vai crescer, ele está inteiro e vai crescer cada vez mais. Você vai poder. Resista."
Mas não há sinais, nem vozes... O trem vai descarrilhar.
Há uma dor que vem de todos os lados, como em fogo cruzado, tentando derrubar quem está no meio. Me faltam sorrisos, vivacidade, cor, juventude. O que mais me falta? Eu busco dentro de mim cada pequeno fragmento, mas não há sinais. Não há nada por enquanto, só essa maldita dor.

14.7.09

Popular para raros.

Nas últimas décadas é fácil observar a falta de critério que as pessoas têm tido ao escolher as suas músicas preferidas. No rádio você só ouve aquele forró que toca na novela, aquele dance que toca de 20 em 20 minutos, e aquela pagode ou sertanejo universitário que pelo menos 200 grupos/duplas já gravaram - uma versão pior que a outra.
A verdade é que de alguma maneira as pessoas perderam o gosto pelo eufemismo, o suave deixou de lhes agradar. A Música Popular Brasileira de popular não tem mais nada, é apreciado apenas pelos raros, que em meio à degradação musical continuam críticos em suas escolhas musicais.
Agora analisando os dois quadros musicais é possível observar como coisas relativamente semelhantes são ditas de maneira tão diferentes. De um lado é feita a imagem de uma mulher de personalidade direta, mas não vulgar, do outro a imagem que se passa fere extretamente o gênero feminino expondo de maneira ordinária a personalidade da mulher.
"Se acaso me quiseres sou dessas mulheres
Que só dizem sim por uma coisa à toa
Uma noitada boa um cinema, um botequim"
"Eu vou pro baile procurar o meu negão
Vou subir no palco ao som do tamborzão
Sou cachorrona mesmo e late que eu vou passar
Agora eu sou piranha e ninguém vai me segurar"
"E de fato eu sinto em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas e eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança."
"Tô sofrendo de saudade, Tô morrendo de vontade
De te amar e te abraçar de novo
E você não quer me ver
Tô fechando todos os boteco
E secando todos os caneco
Fiquei louco, alucinado e de tristeza comecei a beber."
"Meu bem você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa
Molhada de suor
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras..."
"Quer me mostrar como você vai fazer baby?
Sem problemas, venha por cima
Então faça seu melhor salto,
Eu me encaixo na parada quando essa merda vem[...]
Vou te levar pra loja de doces
Vou te deixar lamber um pirulito
Vai garota...não pare
Vá indo até atingir o ponto"
Entre tantos outros absurdos musicais que eu prefiro nem citar.
Fica muito explícito que: O que é dito é relativamente igual, o que muda é como se fala e isso faz toda diferença.
Esse texto será reconstruido. Agora me deu sono e eu preciso descansar meu coração , afinal o cotidiano me pega, e eu preciso ser inteira, não só metade de mim.
Bons sonhos e boas músicas!

25.6.09

E hoje é só uma canção de amor que traz pra mim o sofrimento
de quem percebe uma 'farsa', que de montada não tinha nada
E ainda assim ecoava a dor de um sentimento que teimava em existir
mesmo ao descobrir que em seu peito nada muda,
que o amor é sempre surdo, mas um dia ouviu de mim:
"Veja! Não ouça, siiiinta!"
É assim que é. Nenhuma farsa dura tanto, a gente muda
se ergue, se afunda, e cada vez não somos mais os mesmos
somos outros. Os outros que tanto queríamos ser
Do jeito que tentamos convencer até ao próprio
O eu, o próprio eu, de que aquilo sou é o quero ter
E o que sou, é igual ao o que tenho.
E tenho amor, te tenho muito amor.
"Obrigado por fazer parte da minha vida."
Ontem

17.5.09

A necessidade da mentira.

Pode-se amar e ser amado, mas nunca - nunca - se pode escapar de uma mentira!
Nem que seja oferecida a liberdade, não se opta pela verdade. Sentir aquele friozinho na barriga, a possibilidade de ser ou não descoberto.. é tão excitante, não é?
'Eu sei o que vocês fizeram no verão passado.'
Enfim encontra-se a pessoa desejada, que satisfaz os desejos, os momentos adversos, e os jantares em família, mas não basta. Não! Isso é a verdade, e todos precisam da mentira pra continuarem a sustentar uma verdade. A realidade precisa de um pouco de fantasia tanto quanto quem vive uma verdade precisa de uma mentirinha.
Não é?



26.4.09

de mim

Eu sempre tive o mau hábito de gostar do médio e do mais ou menos. E ainda assim conseguir conciliar com meus toques extremos, ora por falta, ora por excesso. Sempre quis ser artista, não me importava ao certo bem de quê. Cantora, pintora, dançarina... qualquer coisa. Mas onde andou meu talento esse tempo todo? Não canto, não desenho nem casinha com chaminé e abandonei a pista quando saí do Mato Grosso do Sul. Talvez eu não tenha talento mesmo, não é questão de tê-lo perdido, é questão de nunca tê-lo tido. Tudo bem, acontece..
Eu queria aquela vida boêmia. Todo o tesão pelas coisas menos convencionais e politicamente erradas. A música. Minha grande paixão, não a primeira, mas a maior. Meu romance excessivo, amor maior por mim mesmo. Meu cigarro, minha bebida, meus homens. Tudo que eu nunca vou ter.
Maysa. Era assim que eu queria ser. Mas ela não seria daquele jeito se tivesse que seguir uma vida normal, arrumar um trabalho de garçonete e cuidar sozinha de seu filho. Ela só pode nascer e morrer a romântica extrema, boêmia que era porque era artista! Tudo que eu nunca vou ser.
.
Sempre tive também o mau hábito de me apaixonar pelos caras errados. O que só ratifica "o tesão por todas as coisas menos convencionais"; Os caras mais ou menos bonitos, mais ou menos legais, mais ou menos certinhos. Manés não! Homem de gel e cabelo penteado de lado é o fim da picada. Tive minhas paixonites e meus grandes amores, todos pelos caras errados, óbvio. Se fossem os certos não fariam parte do passado. Deixei todos, meus cabeludos e carecas, estudantes e proletariados e completamente descocupados, caras inteligentíssimos outros asnos em duas patas. Algum deles eu gostaria de ter trazido como bagagem pela minha viagem sem fim, confesso. Mas eu tive que deixar minha bagagem de amor lá, na rodoviária.
.
Tive meus problemas no passado. Pura ignorância, às vezes a gente acha que nunca vai passar, que a nossa rixa familiar dura pra sempre, outras vezes não. Mas eu sei que isso só existe por um motivo: Pura ignorância! De ambas as partes, ambas cansadas de tentar convencer o outro de suas razões, sempre em vão. Afinal, somos ambos irredutíveis, ambos inflexíveis. E aqui me vou. Seguir minha vida, já que afinal encontrou-se um consenso: ambos almejamos minha ida, ó pai.
.
Eu, insegura de mim, insegura do mundo.
Eu, que já desisti de alcançar meu sonho de ser artista de qualquer coisa, de ganhar a vida com algo que ame mais que qualquer coisa e passar ela com alguém do mesmo calibre do meu trabalho agora vivo no mesmo instinto mecânico que o resto do mundo. Minha arte agora é morta, preto no branco: Letra no papel.

19.4.09

à

Àquela que me buscou em meio às chamas de desespero.

Não consigo me libertar. Perdi meu vínculo com as letras, com o àlcool e com o meu cigarro, talvez com as pessoas também. Os dois únicos meios que já encontrei pra atingir o meu nível elevado de consciência foram perdidos. O meu cosmo; perdi suas chaves. Perdi meu mapa, perdi meu elo. Sou um laço desfeito, e não daqueles laços que antes eram bonitos e quando se desfazem sentem orgulho de si mesmo. Não sou um laço teimoso. Sou um nó de gravata mal feito esperando por um pescoço que me ame e não queira mais trocar, mesmo que seja um nó meio torto e frouxo.
Sou um nó de gravata que atingiu a forma mecânica de viver e esqueceu-se de como é a vida real vista de dentro pra dentro.
Agora eu sou superficial, vista apenas por fora, de quem está de fora. Exceto àquela que me pegou com os delicados dedos e fez de mim um laço bonito e firme. E disse: Vá, seja um laço teimoso e tenha orgulho de si quando feito e depois desfeito.

Veja o vídeo no link 'laço.'

6.4.09

Ok, após longas semanas sem postar eu preciso escrever. Vou ter que escrever porque eu estou realmente cheia, logo preciso me esvaziar. Estou cheia de algo que há muito não sentia. Algo que não sentia desde uma noite deitada num sofá sobre o peito de alguém, ou de uma manhã que veio alguns meses depois, na no mesmo sofá, colocada do mesmo jeito, só que agora com uma fala bem diferente: _ eu te amo mesmo. Me sinto cheia de contentamento!
"Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder."
Eu não posso me contentar; não mais. Nossas noites completas. Cheguei a acreditar que nunca viriam. Mas vieram, e foram todas - todas - lindíssimas. As de amor, de embriaguez e até as de dor. Foram todas lindas porque é lindo acordar com quem você ama do lado. E quando eu sonhei que você me deixava e acordei meio aflita estava abraçada nele, e sussurei ao pé do ouvido: _ eu te amo mesmo. Mas ele não ouviu. Perdido em seus sonhos eu o fitei por longos minutos enquanto ele dormia com os lábios entreabertos. Sua respiração pesada, parecia doer ser ele; deve ter sido uma cena linda de ser vista de longe: Ela o fitava acariciando seus cabelos enquanto ele nem sabia o que estava acontecendo perdido em seus sonhos de super herói, O salvador do mundo! 
Não! O Salvador de mim. Mas não foi com isso que ele sonhou. Isso aconteceu na vida real, enquanto todos estavam acordados.
E depois quando de tão bêbado retirou-se do amor dormiu com o carinho de quem resolvera esperar e adormecer com sua respiração ora calma, ora barulhenta. Acordar com beijos e carícias e peles macias se encostando e mãos deslizando e... fôlego! Adormecer com sua respiração ora calma, ora barulhenta.
Oh! tivemos nossas noites inteiras e foram todas lindas!



25.3.09

Pagliacci.


"Uma vez eu ouvi uma piada:
O homem foi ao médico e disse estar deprimido. Disse que a vida parecia dura e cruel. Disse que se sentia sozinho e ameaçado diante do mundo vago e incerto. 
O médico diz que o tratamento é simples: "O Grande Palhaço Pagliacci estará na cidade está noite, vá vê-lo. Isso deve anima-lo." 
O Homem explode em lágrimas e diz: "Mas doutor, Eu sou o Pagliacci."
Boa Piada, todos  riem."

Weegee, O palhaço.
Emmott Kelly - 1994

23.3.09

'Fear of the Dark'

Ontem eu senti medo. Um medo que eu não soube dizer de onde veio, nem pra quê.
Me gelou a nuca e paralisou as pernas. O que houve por aqui? Meu caminho de três passos até a geladeira pareceu ter durado infinitas dezenas de minutos. O que está havendo por aqui?

Medo é doença maligna. Que chega de mansinho e se instala de qualquer maneira. Medo é doença que mata, degrada, destrói o hospedeiro de dentro pra fora. Lentamente. Articula as maneiras mais inteligentes de derrubar o indivíduo que vive na luta de buscar todas as coisas que se permite.

Eu senti um medo que eu não soube de onde veio, mas depois eu entendi: Eu temi por perceber que estava, realmente, sozinha.
 


20.3.09

Saudade.

"Isso, que acontece com a gente
acontece sempre com qualquer casal
Isso, ataca de repente
não respeita cor, credo ou classe social, isso, isso.
Parecia que não ia acontecer com a gente,
nosso amor era tão firme forte e diferente."

Titãs - Isso


A pior saudade que existe é de quando a pessoa está perto. Só sentimos isso quando percebemos que algo está se perdendo, ou que alguém está nos deixando.

Eu sempre estive sozinha, até que um dia eu olhei pro lado e tinha alguém caminhando comigo e sorrindo pra mim. Me apoiando nas minhas decisões (às vezes não - mas se eu caisse ela me apoiaria igualmente).Um alguém pra quem eu escrevi várias e várias bobagens, anotações em folhas de agenda, em papel da escola, em folha de caderno.... "Sunshine from the here" é assim que se chamaria.
Aí um dia aconteceu uma coisa e ela resolveu soltar suas mãos das minhas; eu olhei pro lado e ela não estava ali comigo, não sorria, não apoiava, não esbravejava. Ela quis deixar de brilhar em minha vida. Eu escrevi muito mais. Em papel de propaganda, em folhas sufite, em matéria de fichário... Mas sua luz era grande demais, ofuscou qualquer coisa ruim que passara. E a paz voltou a reinar depois de uma chuva de lágrimas sobre um abraço tão querido.
Dias passados, semanas completas, meses corridos e ao que parecia nós só nos aproximávamos. Ela estava comigo sempre quando eu precisei, e quando eu não precisei também; só estava ali, mostrando sua presença tão essencial. Eu, com os meus caminhos cada vez mais tortuosos, ela, cada vez mais completa... Cada uma a seu modo ia vivendo, juntas. Amigas!

Até que o grande dia deu sinal de que viria - diferente de todos os planos previamente feitos. O grande dia pelo qual todos amigos passarão: O dia em que a amizade será feita de recordações. Fragmentos de lembranças e fotos amareladas. O dia em que seus filhos perguntarão quem é e você, quase chorando, dirá que foi um amigo, uma pessoa muito importante, mas agora não sabe nem por onde anda.Esse dia ainda não chegou, e se o destino obedecesse à nossos desejos não chegaria nunca. Mas a música não toca conforme a dança e sim o inverso.
E os versos que compus ainda são rascunhos "Sunshine from the here", seus livros serão sempre a desculpa para encontros rápidos e estalados.

Amiga, eu sei que ainda estás aí, ao alcance das vistas. Mas hoje eu me sinto como a última folha da árvore no outono, que de tão sozinha se lamenta estar ali. Não é culpa nem de um nem de outro, o destino se encarrega de tomar as decisões de afastar da gente quem gostamos fazendo caminhos diferentes serem traçados.
Eu, Jaqueline Fonseca, amo você, Caroline Stefanes, e sinto falta do nosso entrosamento diário. Mas, ainda que nossa amizade acabe virando - como a maioria das outras - lembranças e fotos amareladas, temos algumas lembranças deliciosas e ao menos tiramos boas fotos.

19.3.09

Cartola . Peito Vazio

"Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto em meu peito um vazio


Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio
Procuro afogar no álcool a tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança
Vou seguir os conselhos de amigos
E garanto que não beberei nunca mais
E com o tempo esta imensa saudade
Que sinto se esvai."


Música de qualidade é outra coisa...

16.3.09

Eu tive dois sonhos: um à noite, e um pela manhã.
O sonho da noite foi lindo. Tinha uma casa, pouca mobília, uma tv, muitos livros, discos e filmes, uma cama e muito, muito amor.
O sonho da manhã me confundiu. Muitos dizem que adorariam voltar na tempo e mudar alguma coisa que fizeram. Eu voltei. Estava no presente e me prenderam, quando saí regressei no tempo 5 anos. Mas eu era exatamente quem sou hoje. Sabia de todas minhas experiências porque já as tinha vivido. O tempo só não tinha passado ainda para os outros.
Fui ao bairro em que morava e descobri que os terrenos estavam ainda sendo loteados. Eu disse à todos o que aconteceria em suas vidas, embora ninguém acreditasse:
_ É Carlos, você vai abrir um cursinho seu. Vai ganhar muito dinheiro, antes disso, vendendo aqueles charrutos mexicanos. Você e sua mulher terão uma vida muito confortável!
_ Você, Syzara, vai se tornar uma modelo. Vai viajar pelo mundo, conhecer vários países, várias pessoas. Vai namorar uns caras lindos, modelos também. Mas vai voltar ao Brasil no fim das contas.
Tagarelei, meio confusa com a situação, jantei com todos eles - pessoas aleatórias em minha vida. Após o jantar fui chamada de canto e um dileto me disse em poesia algo como:
Se aprecio tua beleza, forma tão suave
É por meu mais puro amor
Venha, aceite minha cantiga
Quero à você me dedicar
Chega de esconder, há uma dor que está a me matar.
E me beijou, aquele beijo de baixo da árvore na rua escura. Um beijo já familiar. E eu senti como se fosse o primeiro pra mim; era para ele. E eu pude ver que ele sentia a mesma emoção que eu.
Me afastei e pra um jogo de futebol fui chamada. Já me posicionei como goleira, claro. E um Léo namorado de uma certa marca de sandálias, jogando no time adversário gritou pra mim:
_ Que trave gay!
_ É léo, eu entendi a piadinha. Mas não teve graça.
_ Não há piada. A trave é rosa!
Jogo terminado o Léo trabalhava em seu computador à sua mesa no escritório. Humildemente me aproximei e esclareci que precisávamos conversar.
_ Existe algo que vai acontecer. Quero que você saiba.
_ Eu sei o que é. E já aconteceu pra mim tanto quanto pra você. Eu também estive lá, e também regressei. Não há problemas. Está tudo bem, pode parar de chorar, passa logo. Não tenho mais raiva. Vamos, eu te dou uma carona.
E ele me trouxe pra casa. Pro meu tempo, pra minha realidade. Só então eu acordei, e ainda atordoada concluí que ainda que tivesse chance não mudaria o que fiz. Nada do que eu fiz foi em vão. Até os meus passos errados, em falso, contribuíram para tudo que sou.
Os Beijos no escuro sob a árvore , e os dentro de banheiro químico, os hetero e os homo, os amores escondidos, aqueles que eu nunca assumi, e os que algum dia aceitei, os grandes e pequenos. Os buracos que caí, as esparrelas que tropecei, as lutas que venci, as conquistas que cheguei! Eu não mudaria nada; foi preciso eu voltar no tempo pra perceber isso.
O tempo não é inimigo de ninguém, o que devemos é aproveitar as oportunidades que o destino nos dá e aprender com as experiências. A vida de nada mais nos vale se não aprender. Então, aprenda.

12.3.09

De Todos os meus amores serei atenta!

De todos os meus amores serei atenta, para que possam viver em mim até que minha casca não aguente mais, nem a eles, nem a mim.
Afinal, lembro-me de todos que me foram gentis, de todos que me foram amores. E especialmente dos me foram amantes. Mas houve uma época que isso não existia. Minhas paixonites platônicas pré-adolescente não me corrompiam. Eu já fui bem menos libertina que atualmente.
Alimento todas as minhas lembranças grandes e pequenas dos mesmos amores. Os mesmos galanteios mentirosos que me fizeram acerca dos mais distintos momentos.
_ Você fica muito sexy com essa calça branca. Disse ele enquanto me abaixava para pegar o material escolar.
O que eu podia ter respondido? Corei as maçãs do rosto, dei um tapinha em seu ombro e saímos de mãos dadas sorrindo a ingenuidade do primeiro amor.
Houve aquele que disse, ou escreveu, não me lembro das fontes que me fornecem informações, só guardo os dados:
_ Você é a mulher mais linda com que já estive.
Sorri ao amante, um sorriso que o confortasse. Porque pareceu custar dizer isto, como quem tira uma pedra do peito... Ah! Meu amor, meu grande amor. Faltou suspirar-me "carma" enquanto adormecia a meio metro de distância de mim. Separado por um abismo de 2cm. Acordou e disse algo sobre uma pintura na espelho. _ Um anjo acertou ao pintar nosso retrato. Combinamos.
E depois disso partimos. Cada um para seu lado.
Alguém me prometeu céus e terras, e por fim não deu nem um vaso de plantas murchas. Acabou me dando apenas lembranças de um passado que eu achava ser feliz, mas hoje vejo a escravidão a que, voluntariosamente, me submeti.
_ Teremos uma casa lilás e um labrador.
_ Mas eu não gosto de cachorro.
_ Eu gosto.
_ Ok. Teremos um labrador.
De olhos fechados por um amor que me pareceu existir eu julgava sentir a mais nobre das emoções e ver através dos outros sentidos. Só não conseguia ver, nem cheirar. Se eu pudesse veria e sentiria medo no meu suor. Mas foi um amor vivido.
Há também os amores que nos enchem dos galenteios mais absurdos, mais mentirosos e provavelmente gastos e velhos de já tão repetidos.
_ É seu cheiro ~ Me dizia ele com a boca no minha orelha. Um susurro; Um beijo; um abraço gostoso... Então virei-me para ele e a noite inteira seria curta para nós. Amantes da vida.


Mentirosos e verdadeiros. Frustrantes ou não. Foram todos meus amores. Os pseudo padres, cantores, escritores, doutores, cabelereiros ou sem ofício algum.. Todos meus amores, intensos ou pequenos. Vou levá-las comigo, memórias. Vou trazê-los, um a um no meu peito com o carinho reservado que cultivaram. Todos são tijolos, degraus, capítulos. Todos eles, agora distantes de mim, contribuiram para formar o que sou. Nos meus bons e maus momentos.


Amo-os. Todos eles, os que já foram e os que ainda poderão ser. Amo os que eu conheci profundamente, amantes e amigos. E é assim que eu vivo, vivo de amor; do meu amor que agora de tão espalhado parece ser pouco para mim e por isso preciso do outro. Para me amar do mesmo jeito com que amei cada peça do meu passado e cada figura do meu presente e futuro.

De todos os meus amores serei atenta. E de ti cuidarei, para que não seja, um dia, mais uma peça do passado triste que deixei para trás.


6.3.09

Espinafre é?

Notas de um observador:

Marinheiro Popeye, lembra.. aquele do espinafre. Pois é um personagem dos quadrinhos criado em 1929 que 4 anos depois virou desenho animado.
Aliás.. uma questão que sempre me intrigou: Porque ele come o espinafre pelo cachimbo?
Mas quem disse que ele sempre foi o bom moço que nossa geração conhece? Até meados dos anos 30 o Marinheiro Popeye era um bêbado encrenqueiro, que só comia carne e que detestava vegetais; tanto é que Monteiro Lobato ao se referir à ele em Memórias da Emília faz alusão à um sujeito mau caráter. A verdade é que até o marinheiro evoluir a comer espinafre e enxergar com os dois olhos ele era um porra louca politicamente incorreto.
Sim, enxergar com os dois olhos porque até um certo ponto da história o tal comedor de espinafre era caolho e por isso - ao menos é o que se diz - o nome Popeye. Sua tradução é algo como Olho estourado, ou arrancado.
Mas não é aí que eu quero chegar.

A idéia de fazer um personagem de desenho infantil virar um dependente de espinafre é muito nobre, claro! Se a intenção era (claro que era) fazer as crianças comerem tal hortaliça rica tão rica em Vitaminas e Ferro o objetivo foi alcançado, depois da popularização do desenho o consumo de espinafre aumentou 30% nos Estados Unidos. Mas como em tudo há uma mensagem subliminar...
Será mesmo espinafre que o nosso querido marinheiro parrudo ingere para se sentir melhor ou seria outra erva tão popular quanto?
A maconha trás, entre outros efeitos, alívio de dor. O que pode ser associado à coragem que o Popeye tem de brigar e a força dele aumentar significativamente. Ora, se a dor será inibida o que temer, de fato? E por isso ele luta pra defender sua amada Olivia das garras de seu arquinimigo Brutus.

Tese formada: Popeye era uma maconheiro de primeira classe!
Já trazia o produto em enormes quantidades em latas enfiadas bolso à baixo.

Tenho por certa a idéia de que alguém já conclui isso antes, óbvio demais! ah! Erva no cachimbo e ainda querem nos empurrar a idéia de espinafre, é? Mas como não conheço, nem li, nem nada assim sobre a teoria do meu pseudo autor eu fico com os créditos temporários pela descoberta!
É claro que eu não vou querer também os do ScoobDoo - tão óbvio ou até mais: maconheiros!
Furgão colorido, aquele jeito de hipponga, conversar com cachorro, ficar viajando em fantasmas e comer daquele jeito? Que outra explicação teria? Maconheiros, maconheiros, maconheiros! Talvez fosse até interessante promover um encontro do nosso ex-mal-elemento com o magricelo que conversa com cachorros.

Ainda não acredita? Como podem, eles, os criadores dos desenhos, fazerem isso.. tão descaradamente... Mas fazem! E se você ainda não acredita na minha teoria: eu indago novamente: Porque 'comer' o espinafre pelo cachimbo e não pela boca?

Em tudo no mundo há uma mensagem subliminar; oculta em algum canto... Fica no ar!

4.3.09

Carma.

Para algumas religiões é a 'consequência', por assim dita, das más ações - de outra vida ou não.
O contrário do Dharma.
Para algumas pessoas é aquilo que a persegue; para outras o motivo de se levantar todos os dias - ainda que não saibam.
Para mim? Aquilo que eu, posso até, não lembrar todos os dias, mas não consigo esquecer.

23.2.09

Segredos.

Cama bagunçada, e um vestido pelo chão.
O amor que acabou de começar entre suor e olhares
já se desfaz com o zíper subindo.

Ela estava aqui. Mas se foi.
Me deixou, mais uma vez, com meus devaneios e desejos.
Sozinha.
Ah! Mal a sabe que a encontro quando me deito.
E Vejo-a. Vejo-as, todas elas. Como se fossem apenas uma.
Uma mulher sem rosto, sem expressão.
Com apenas um olhar e seu corpo.
Apenas eu e seu amor.

Uma deusa. De rosto indefinito, mas onipotente.
Todas Elas, me vêm e me perturbam, como uma legião de demônios.
Demônios alvos como anjos, poderosos como deusas, e sedutoras como.. como só elas.
Freya, comandando Valkírias que vieram me buscar para ir à seu encontro.
Pois busque-me, deusa e me amaldiçoe; Corrompa-me.
Derrame por meus segredos as lágrimas que derramas por Odur,
Escorra, lágrimas de ouro, no rosto que me sorrirá.
Me amaldiçoe com sua legião de Valkírias, alvas e cintilantes
Deixe-as habitar minhas noites pela eternidade, até ela voltar
Deixar seu vestido novamente pelos cantos e seu olhar sobre o meu.

Volta.

16.2.09

3+3 são 6

Há uns três mil anos luz fui indicada para me definir em seis tópicos pela Priscila Costa, vou fazê-lo agora.
~ Jaqueline da Silva Fonseca, fêmea com impulsos espóradicos de macho, paulista e são paulina. Nascida, especificamente, no Vale do Ribeira na cidade de Registro. Filha de mãe ariana e pai pisciano veio com a graça de ser libra em 15 de outubro de 1991.
[Daqui pra frente nada é, tudo está, Portanto é sujeito à mudanças.]
~ Eu sou mais ou menos o quê ninguém - ou quase ninguém - está disposto a tentar descobrir. Não dou pistas, ou digo ou não. Comigo é oito ou oitenta. Não gosto de tons pastéis, sempre confundo azuis com verdes, amarelos com beges e rosas e essas cores estranhas. Prefiro as cores primárias; a mistura e a ausência de todas elas. E se fosse humanamente possível até cogitaria a possibilidade de eu ser daltônica. Tenho algumas manias talvez até meio bizarras.... mas são manias, cada louco com as suas... Não gosto de bixos e morro de vontade de botar fogo em um poodle.
~ Não gosto e até evito, mas muitas vezes sou imparcial, indecisa e/ou covarde. E o pior é que isso pode ferir as pessoas. Não tenho a força que muita gente acha que tenho, nem o talento para isso ou aquilo. Aprecio arte, mas não entendo quase nada. Pra mim o Dada e o Surrealismo são um lado só da mesma moeda, a outra face é Concretismo. Gosto de ouvir pra aprender, de ler pra saber... mas não é algo que aconteça sempre. Eu falo pra 'cacete' também, e falando em 'cacete', pra mim 'porra' é vírgula e 'pra caralho' é sistema de intensidade.
~ Queria fazer psicologia, exercer jornalismo ou gastronomia e saber tudo sobre história, geografia, literatura e artes, mas prestei vestibular pra direito e resolvi agora prestar pra filosofia em meados do ano de 2009 de Nosso Senhor. Mas meu sonho mesmo era ser psiquiatra. Abandonei isso se não logo enlouqueço, bem ou mal conheço meus limites. Além disso eu sei que não passo pra medicina na federal, e faculdade particular - ao menos por enquanto - é carta fora do baralho.
~ Adoro um amor inventado. E não estou citando Cazuza. O problema é que esses amores têm prazo de validade. Amar, amar mesmo... foi uma vez (ou é uma vez. não sei se posso definir.) As outras foram paixão e esse amor inventado que eu tenho hábito de cultivar. Ouvir minha banda prefereida às vezes me deixa triste por causa disso. O Fato é que têm coisas demais na minha vida e ninguém sabe por inteiro, alguns sabem uns pedaços, não o todo. Esse talvez até eu mesma desconheça.
~ Não gosto de socializar, se o faço é por pura necessidade e conveniência. Tenho facilidade de me comunicar com as pessoas mas não o faço com frequência. Prepotência ou não acho que poucos são dignos realmente da minha atenção. Ando com a cara de desdém que poucos conseguem ter, mas um sorriso vez ou outra floresce. Não sou simpática, mas sou educada e acho que quem sorri o tempo todo pra todo mundo é EXTREMAMENTE falso. Ninguém pode estar bem o tempo todo e gostar de todo mundo, há máscaras. Certeza!
Embora eu ache que o impossível não existe é, de fato, impossível me resumir assim. É impossível me compactar em palavras.
Diz que era pra eu indicar mais seis humanos pra fazer esse resumo.
ObrigadaTchau.

23.1.09

Mortos.

Morte:
"s. f., acto de morrer;fim da vida animal ou vegetal; termo de existência; acabamento; fim; homicídio; a pena capital;
fig., destruição; perda; causa de ruína;
poét., entidade imaginária que ceifa a vida."

Isso segundo o dicionário. Mas e para nós? Como encaramos a morte?
Perder alguém nos causa dor imensa, sentir-se culpado por isso, então... dá calafrios, a dor que antes era imensa passa a ser quase insuportável, praticamente intrasponível! Mas não é.
A morte, pra mim, é encarada como algo inevitável e natural. E quem morre é, simplesmente, alguém que parte pra sempre e deixa saudades invencíveis.
Morte é não só um estado do corpo, mas uma possibilidade da alma, da mente e do coração. Logo, morre para nós não só os que deixaram a vida, mas também os que abandonaram o coração (seja lá pelo que for).
Chorei uma morte, uma morte da qual julguei ser culpada.
Mas os tempos são diferentes para cada um de nós. O muito tarde pode acabar sendo cedo demais. O importante de agora pode ter que ser deixado pra daqui a pouco. O dia preocupado de uns, pode ser só mais umas mensagens piscando no celular... Mas há gente que não entende isso, não vê a realidade com os olhos plenos, não encara de coração aberto.
Eu chorei uma morte da qual julguei ser culpada.
Meu julgamento era errado, mas a morte foi chorada
E não foi em vão que meus olhos lacrimejaram.
Alguém, realmente morreu.

22.1.09

Aquele lá.

Um dia eu conheci um homem.
Um homem que chorava e de atos duvidosos.. Que não percebia o tempo passar;
Era muito popular.

Ele gostava de ver o poder dividido, de filme legendado e de combinações gastronômicas com mel, aveia e essas coisas naturais demais pra mim ...
Talvez ele fosse demais pra mim. Me olhava de um jeito que me fazia brilhar os olhos. Eu sorria e ele dizia sobre o sorriso, eu andava e ele falava dos quadris. E eu pensava com quantas ele foi assim na vida, com quantas ele ainda podia ser ou estava sendo... As coisas que dizia.. pra quantas ele já olhara dizendo as mesmas palavras (baratas ou não) ?
Um dia não me importou mais o que ele fez e com quem fez. Importava-me o que estava fazendo no momento em que estava ao meu lado, e ele fazia uma única coisa: minha felicidade.

Aí um dia eu conheci um novo homem.
Um homem que era homem suficiente pra assumir o que sentia, que ficava aos prantos não importava onde, desde que fosse sua vontade; que se libertava das maneiras que mais lhe desse prazer não dos jeitos funcionais, fosse politicamente correto ou não (Porque na verdade estar ou não correto é só uma questão de ponto de vista).
Um cara que não se achava metódico mas se alongava antes de correr, lia no banheiro e acreditava cegamente na ciência, com fosse tão exata quanto matemática.
Eu conheci um homem que conhecia gente demais! Mas acho que pouca gente o sabia quem ele era realmente.
Sabe.. um dia eu conheci um cara incrível! Que não via o tempo passar por estar aproveitando-o minuciosamente, por se ocupar em usá-lo ao em vez de ficar olhando seus segundos passarem voando diante de seus olhos..
Conheci um cara que disse me adorar quando eu me recusava a sentir qualquer coisa por alguém, que não se cansava de dizer isso. Talvez na esperança de um hora ser retribuido. Um cara musical, que da respiração aos gemidos tinha ritmo, sempre em harmonia.
E ele me contava suas aventuras de calouro e eu ouvia atenta como criança, observava a boca dele mexer e a forma como parece que as lembranças lhe fazem bem.. Talvez tenham sido bons tempos pra ele, mas parece ter sobrado pouco de lá além de lembranças. Talvez nada além disso e fotos amareladas. Mas ele nunca contou dos tempos de veterano na faculdade. Não sei porquê. Talvez na época ele não tivesse tempo pra essas bobagens, ou só esqueceu de contar à mim que sabe ser algoz também.
Um dia eu conheci um cara que me elogiava, não me deixava dormir por não sair dos meus pensamentos... que me tratava como mulher porque via longe, me via mais longe do que eu conseguia fazê-lo. Não tentava me ensinar suas experiências que era pra eu pisar com meus próprios pés no terreno duvidoso e concluir o que minha cabeça julgasse melhor. Eu conheci alguém que dava liberdade, liberdade foi tudo que eu sempre quis. E eu o amei por isso.

8.1.09

Sonhos;

Desde crianças somos manipuladas á sonhar, desejar um brinquedo, um doce, uma ida ao parquinho... Nos fazem acreditar que precisamos ser ambiociosos, e querer sempre algo mais - só para termos pelo o quê lutar.
Desenvolvemos a ambição e queremos aquilo que não temos ainda que o que possuímos seja bom, seja suficiente e satisfatório.

Eu queria ser duas coisas: Artista e corajosa.
Artista eu não posso porque me falta talento. Não há nada que eu faça que realize com magnitude suficiente para me destacar, logo não posso realizar grandes projetos artísticos.
Corajosa eu não posso porque sou covarde demais; fujo até da água fria e não sei lutar contra os meus medos que são numericamente tanto quanto os sonhos.
Sonhos...
Eu sonhei, desejei, almejei.. Adormeci e sonhei. E o telefone tocou pra interromper. Lá, no meu mundo paralelo o telefone também tocava, quase não atendo pra não desviar a atenção (nem no sonho, nem na cama) mas eu atendi, o sonho estava tocando, o telefone estava ligando, sonhando eu estava falando, dormindo eu estava pensando... Meu sonho ligou e disse: 'volte a sonhar'
Mas eu não pude mais. Não consegui voltar ao banco traseiro daquele carro estacionado no fundo da escola, não consegui voltar aos braços do sonho que delicadamente embalava meu sono.
Alguns sonhos não devem passar disso, não devem sair da cama, das longas noites.
Alguns sonhos não podem ser interrompidos porque não conseguimos voltar á eles após uma pausa para a realidade.