20.8.12

Amanhã.

Ela era um pouco de tudo que eu fui na adolescência.
Meio deprimida, mas alto astral. Intensa em tudo, parecia todos os dias que ia morrer. Ou de contentamento, ou de saudade (no meu caso de coisas que eu nunca tinha visto - no dela das que nunca mais veria). O certo era que ela (e eu) vivia. E mesmo assim às vezes não queria(mos). 
Fazia o que queria fazer e na verdade não se importava com quase nada. Tinha um tesão pela vida que as vezes se enjoava de sentir.
Fez uma promessa e não cumpriu por um tempo. Depois resolveu acertar-se com o passado (mais ou menos é verdade), me enganou, fiquei orgulhoso pela metade. 
Tinha na cabeça um cabelo tão alvo {alvacenta} que parecia a própria luz do sol. Talvez ela o fosse sem saber; Exibia na pele todos os desenhos e frases que mais queria ter, ser, fazer; alguns amores; uma banda, um filme, uns objetos. Tantos desenhos quanto coubessem em seu corpo. 
E aqueles por baixo da blusa? Da calça.


E o que mais seu corpo desenhava? 



Me fiz essa pergunta na mesma noite que vi os primeiros desenhos. Quantas marcas ainda estariam escondidas? Me perguntei, vendo aqueles que estavam a mostra, onde eles levariam?

Respondi: Para um tapete vermelho. 


O que mais seu corpo desenhava? Quantos vai-e-vens eram preciso para fazer seu desenho inteiro?

Se ela soubesse o desejo que despertava..
Parecia tão natural ser incansavelmente atraente que mesmo que ela me contasse como fazer não acreditaria. Ás vezes parecia um pouco blasé, até comigo. O que me matava. Mas porque não? 
Olha que charme! 


Mas se fosse só isso...

Tinha a liberdade que eu já quis ter.
A leveza que eu já quis ser.
A atitude que - ah! que na verdade eu nunca terei... 
E a postura de sofrer quando sentir dor, porque algo está errado quando parece tudo bem o tempo todo. 


Ela era uma mistura muito do que fui na adolescência com o tesão de uma vida que só quem é feliz consegue ter.