25.3.09

Pagliacci.


"Uma vez eu ouvi uma piada:
O homem foi ao médico e disse estar deprimido. Disse que a vida parecia dura e cruel. Disse que se sentia sozinho e ameaçado diante do mundo vago e incerto. 
O médico diz que o tratamento é simples: "O Grande Palhaço Pagliacci estará na cidade está noite, vá vê-lo. Isso deve anima-lo." 
O Homem explode em lágrimas e diz: "Mas doutor, Eu sou o Pagliacci."
Boa Piada, todos  riem."

Weegee, O palhaço.
Emmott Kelly - 1994

23.3.09

'Fear of the Dark'

Ontem eu senti medo. Um medo que eu não soube dizer de onde veio, nem pra quê.
Me gelou a nuca e paralisou as pernas. O que houve por aqui? Meu caminho de três passos até a geladeira pareceu ter durado infinitas dezenas de minutos. O que está havendo por aqui?

Medo é doença maligna. Que chega de mansinho e se instala de qualquer maneira. Medo é doença que mata, degrada, destrói o hospedeiro de dentro pra fora. Lentamente. Articula as maneiras mais inteligentes de derrubar o indivíduo que vive na luta de buscar todas as coisas que se permite.

Eu senti um medo que eu não soube de onde veio, mas depois eu entendi: Eu temi por perceber que estava, realmente, sozinha.
 


20.3.09

Saudade.

"Isso, que acontece com a gente
acontece sempre com qualquer casal
Isso, ataca de repente
não respeita cor, credo ou classe social, isso, isso.
Parecia que não ia acontecer com a gente,
nosso amor era tão firme forte e diferente."

Titãs - Isso


A pior saudade que existe é de quando a pessoa está perto. Só sentimos isso quando percebemos que algo está se perdendo, ou que alguém está nos deixando.

Eu sempre estive sozinha, até que um dia eu olhei pro lado e tinha alguém caminhando comigo e sorrindo pra mim. Me apoiando nas minhas decisões (às vezes não - mas se eu caisse ela me apoiaria igualmente).Um alguém pra quem eu escrevi várias e várias bobagens, anotações em folhas de agenda, em papel da escola, em folha de caderno.... "Sunshine from the here" é assim que se chamaria.
Aí um dia aconteceu uma coisa e ela resolveu soltar suas mãos das minhas; eu olhei pro lado e ela não estava ali comigo, não sorria, não apoiava, não esbravejava. Ela quis deixar de brilhar em minha vida. Eu escrevi muito mais. Em papel de propaganda, em folhas sufite, em matéria de fichário... Mas sua luz era grande demais, ofuscou qualquer coisa ruim que passara. E a paz voltou a reinar depois de uma chuva de lágrimas sobre um abraço tão querido.
Dias passados, semanas completas, meses corridos e ao que parecia nós só nos aproximávamos. Ela estava comigo sempre quando eu precisei, e quando eu não precisei também; só estava ali, mostrando sua presença tão essencial. Eu, com os meus caminhos cada vez mais tortuosos, ela, cada vez mais completa... Cada uma a seu modo ia vivendo, juntas. Amigas!

Até que o grande dia deu sinal de que viria - diferente de todos os planos previamente feitos. O grande dia pelo qual todos amigos passarão: O dia em que a amizade será feita de recordações. Fragmentos de lembranças e fotos amareladas. O dia em que seus filhos perguntarão quem é e você, quase chorando, dirá que foi um amigo, uma pessoa muito importante, mas agora não sabe nem por onde anda.Esse dia ainda não chegou, e se o destino obedecesse à nossos desejos não chegaria nunca. Mas a música não toca conforme a dança e sim o inverso.
E os versos que compus ainda são rascunhos "Sunshine from the here", seus livros serão sempre a desculpa para encontros rápidos e estalados.

Amiga, eu sei que ainda estás aí, ao alcance das vistas. Mas hoje eu me sinto como a última folha da árvore no outono, que de tão sozinha se lamenta estar ali. Não é culpa nem de um nem de outro, o destino se encarrega de tomar as decisões de afastar da gente quem gostamos fazendo caminhos diferentes serem traçados.
Eu, Jaqueline Fonseca, amo você, Caroline Stefanes, e sinto falta do nosso entrosamento diário. Mas, ainda que nossa amizade acabe virando - como a maioria das outras - lembranças e fotos amareladas, temos algumas lembranças deliciosas e ao menos tiramos boas fotos.

19.3.09

Cartola . Peito Vazio

"Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto em meu peito um vazio


Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio
Procuro afogar no álcool a tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança
Vou seguir os conselhos de amigos
E garanto que não beberei nunca mais
E com o tempo esta imensa saudade
Que sinto se esvai."


Música de qualidade é outra coisa...

16.3.09

Eu tive dois sonhos: um à noite, e um pela manhã.
O sonho da noite foi lindo. Tinha uma casa, pouca mobília, uma tv, muitos livros, discos e filmes, uma cama e muito, muito amor.
O sonho da manhã me confundiu. Muitos dizem que adorariam voltar na tempo e mudar alguma coisa que fizeram. Eu voltei. Estava no presente e me prenderam, quando saí regressei no tempo 5 anos. Mas eu era exatamente quem sou hoje. Sabia de todas minhas experiências porque já as tinha vivido. O tempo só não tinha passado ainda para os outros.
Fui ao bairro em que morava e descobri que os terrenos estavam ainda sendo loteados. Eu disse à todos o que aconteceria em suas vidas, embora ninguém acreditasse:
_ É Carlos, você vai abrir um cursinho seu. Vai ganhar muito dinheiro, antes disso, vendendo aqueles charrutos mexicanos. Você e sua mulher terão uma vida muito confortável!
_ Você, Syzara, vai se tornar uma modelo. Vai viajar pelo mundo, conhecer vários países, várias pessoas. Vai namorar uns caras lindos, modelos também. Mas vai voltar ao Brasil no fim das contas.
Tagarelei, meio confusa com a situação, jantei com todos eles - pessoas aleatórias em minha vida. Após o jantar fui chamada de canto e um dileto me disse em poesia algo como:
Se aprecio tua beleza, forma tão suave
É por meu mais puro amor
Venha, aceite minha cantiga
Quero à você me dedicar
Chega de esconder, há uma dor que está a me matar.
E me beijou, aquele beijo de baixo da árvore na rua escura. Um beijo já familiar. E eu senti como se fosse o primeiro pra mim; era para ele. E eu pude ver que ele sentia a mesma emoção que eu.
Me afastei e pra um jogo de futebol fui chamada. Já me posicionei como goleira, claro. E um Léo namorado de uma certa marca de sandálias, jogando no time adversário gritou pra mim:
_ Que trave gay!
_ É léo, eu entendi a piadinha. Mas não teve graça.
_ Não há piada. A trave é rosa!
Jogo terminado o Léo trabalhava em seu computador à sua mesa no escritório. Humildemente me aproximei e esclareci que precisávamos conversar.
_ Existe algo que vai acontecer. Quero que você saiba.
_ Eu sei o que é. E já aconteceu pra mim tanto quanto pra você. Eu também estive lá, e também regressei. Não há problemas. Está tudo bem, pode parar de chorar, passa logo. Não tenho mais raiva. Vamos, eu te dou uma carona.
E ele me trouxe pra casa. Pro meu tempo, pra minha realidade. Só então eu acordei, e ainda atordoada concluí que ainda que tivesse chance não mudaria o que fiz. Nada do que eu fiz foi em vão. Até os meus passos errados, em falso, contribuíram para tudo que sou.
Os Beijos no escuro sob a árvore , e os dentro de banheiro químico, os hetero e os homo, os amores escondidos, aqueles que eu nunca assumi, e os que algum dia aceitei, os grandes e pequenos. Os buracos que caí, as esparrelas que tropecei, as lutas que venci, as conquistas que cheguei! Eu não mudaria nada; foi preciso eu voltar no tempo pra perceber isso.
O tempo não é inimigo de ninguém, o que devemos é aproveitar as oportunidades que o destino nos dá e aprender com as experiências. A vida de nada mais nos vale se não aprender. Então, aprenda.

12.3.09

De Todos os meus amores serei atenta!

De todos os meus amores serei atenta, para que possam viver em mim até que minha casca não aguente mais, nem a eles, nem a mim.
Afinal, lembro-me de todos que me foram gentis, de todos que me foram amores. E especialmente dos me foram amantes. Mas houve uma época que isso não existia. Minhas paixonites platônicas pré-adolescente não me corrompiam. Eu já fui bem menos libertina que atualmente.
Alimento todas as minhas lembranças grandes e pequenas dos mesmos amores. Os mesmos galanteios mentirosos que me fizeram acerca dos mais distintos momentos.
_ Você fica muito sexy com essa calça branca. Disse ele enquanto me abaixava para pegar o material escolar.
O que eu podia ter respondido? Corei as maçãs do rosto, dei um tapinha em seu ombro e saímos de mãos dadas sorrindo a ingenuidade do primeiro amor.
Houve aquele que disse, ou escreveu, não me lembro das fontes que me fornecem informações, só guardo os dados:
_ Você é a mulher mais linda com que já estive.
Sorri ao amante, um sorriso que o confortasse. Porque pareceu custar dizer isto, como quem tira uma pedra do peito... Ah! Meu amor, meu grande amor. Faltou suspirar-me "carma" enquanto adormecia a meio metro de distância de mim. Separado por um abismo de 2cm. Acordou e disse algo sobre uma pintura na espelho. _ Um anjo acertou ao pintar nosso retrato. Combinamos.
E depois disso partimos. Cada um para seu lado.
Alguém me prometeu céus e terras, e por fim não deu nem um vaso de plantas murchas. Acabou me dando apenas lembranças de um passado que eu achava ser feliz, mas hoje vejo a escravidão a que, voluntariosamente, me submeti.
_ Teremos uma casa lilás e um labrador.
_ Mas eu não gosto de cachorro.
_ Eu gosto.
_ Ok. Teremos um labrador.
De olhos fechados por um amor que me pareceu existir eu julgava sentir a mais nobre das emoções e ver através dos outros sentidos. Só não conseguia ver, nem cheirar. Se eu pudesse veria e sentiria medo no meu suor. Mas foi um amor vivido.
Há também os amores que nos enchem dos galenteios mais absurdos, mais mentirosos e provavelmente gastos e velhos de já tão repetidos.
_ É seu cheiro ~ Me dizia ele com a boca no minha orelha. Um susurro; Um beijo; um abraço gostoso... Então virei-me para ele e a noite inteira seria curta para nós. Amantes da vida.


Mentirosos e verdadeiros. Frustrantes ou não. Foram todos meus amores. Os pseudo padres, cantores, escritores, doutores, cabelereiros ou sem ofício algum.. Todos meus amores, intensos ou pequenos. Vou levá-las comigo, memórias. Vou trazê-los, um a um no meu peito com o carinho reservado que cultivaram. Todos são tijolos, degraus, capítulos. Todos eles, agora distantes de mim, contribuiram para formar o que sou. Nos meus bons e maus momentos.


Amo-os. Todos eles, os que já foram e os que ainda poderão ser. Amo os que eu conheci profundamente, amantes e amigos. E é assim que eu vivo, vivo de amor; do meu amor que agora de tão espalhado parece ser pouco para mim e por isso preciso do outro. Para me amar do mesmo jeito com que amei cada peça do meu passado e cada figura do meu presente e futuro.

De todos os meus amores serei atenta. E de ti cuidarei, para que não seja, um dia, mais uma peça do passado triste que deixei para trás.


6.3.09

Espinafre é?

Notas de um observador:

Marinheiro Popeye, lembra.. aquele do espinafre. Pois é um personagem dos quadrinhos criado em 1929 que 4 anos depois virou desenho animado.
Aliás.. uma questão que sempre me intrigou: Porque ele come o espinafre pelo cachimbo?
Mas quem disse que ele sempre foi o bom moço que nossa geração conhece? Até meados dos anos 30 o Marinheiro Popeye era um bêbado encrenqueiro, que só comia carne e que detestava vegetais; tanto é que Monteiro Lobato ao se referir à ele em Memórias da Emília faz alusão à um sujeito mau caráter. A verdade é que até o marinheiro evoluir a comer espinafre e enxergar com os dois olhos ele era um porra louca politicamente incorreto.
Sim, enxergar com os dois olhos porque até um certo ponto da história o tal comedor de espinafre era caolho e por isso - ao menos é o que se diz - o nome Popeye. Sua tradução é algo como Olho estourado, ou arrancado.
Mas não é aí que eu quero chegar.

A idéia de fazer um personagem de desenho infantil virar um dependente de espinafre é muito nobre, claro! Se a intenção era (claro que era) fazer as crianças comerem tal hortaliça rica tão rica em Vitaminas e Ferro o objetivo foi alcançado, depois da popularização do desenho o consumo de espinafre aumentou 30% nos Estados Unidos. Mas como em tudo há uma mensagem subliminar...
Será mesmo espinafre que o nosso querido marinheiro parrudo ingere para se sentir melhor ou seria outra erva tão popular quanto?
A maconha trás, entre outros efeitos, alívio de dor. O que pode ser associado à coragem que o Popeye tem de brigar e a força dele aumentar significativamente. Ora, se a dor será inibida o que temer, de fato? E por isso ele luta pra defender sua amada Olivia das garras de seu arquinimigo Brutus.

Tese formada: Popeye era uma maconheiro de primeira classe!
Já trazia o produto em enormes quantidades em latas enfiadas bolso à baixo.

Tenho por certa a idéia de que alguém já conclui isso antes, óbvio demais! ah! Erva no cachimbo e ainda querem nos empurrar a idéia de espinafre, é? Mas como não conheço, nem li, nem nada assim sobre a teoria do meu pseudo autor eu fico com os créditos temporários pela descoberta!
É claro que eu não vou querer também os do ScoobDoo - tão óbvio ou até mais: maconheiros!
Furgão colorido, aquele jeito de hipponga, conversar com cachorro, ficar viajando em fantasmas e comer daquele jeito? Que outra explicação teria? Maconheiros, maconheiros, maconheiros! Talvez fosse até interessante promover um encontro do nosso ex-mal-elemento com o magricelo que conversa com cachorros.

Ainda não acredita? Como podem, eles, os criadores dos desenhos, fazerem isso.. tão descaradamente... Mas fazem! E se você ainda não acredita na minha teoria: eu indago novamente: Porque 'comer' o espinafre pelo cachimbo e não pela boca?

Em tudo no mundo há uma mensagem subliminar; oculta em algum canto... Fica no ar!

4.3.09

Carma.

Para algumas religiões é a 'consequência', por assim dita, das más ações - de outra vida ou não.
O contrário do Dharma.
Para algumas pessoas é aquilo que a persegue; para outras o motivo de se levantar todos os dias - ainda que não saibam.
Para mim? Aquilo que eu, posso até, não lembrar todos os dias, mas não consigo esquecer.