22.11.10

Oco!

Abriu a geladeira. Fechou. Abriu de Novo. Fechou, sem que desse tempo da luz acender. Lembrou que houvera esquecido de fazer seu exercício de relaxamento pela amanhã. Foi como se tivesse a certeza, mesmo esta já sendo certa, que houvera esquecido de si. Esquecera de si. Sentiu raiva por esquecer de si. E se apagou mais rápido que a luz da geladeira há pouco. Atendeu o telefone, esqueceu da raiva, do relaxamente, de si. Conversou, riu. Marcou e desmarcou compromissos. Sentou, pensou no que deveria escrever. Não foi de repente, mas descobriu um cérebro oco. As paredes deossos preenchidas de vazio. O que sobrevivia ali? Que palavras adjetivariam aquilo que não poderia ser nada além de OCO?

E assustou-se, comentendo mais um erro ao tentar vangloriar-se do que é, ou iludir-se de que é algo. Se pôs sobre os demais. Se seu cérebro era oco, e o cérebro do fulano? Seria oco, oco, oco... com ECO? Talvez nem houvesse eco, não haveria obstáculo pra criá-lo. Seria oco e infinito, exponelcialmente oco. E esquecia-se cada vez mais que tudo era ilusão.

Inclusive imaginar um crânio repleto de eco pertencente a outrem.
Inclusive acreditar que pensava enquanto escrevia


Pensamentos de Priscila Costa do Ziguezagueando no meu sétimo andar

21.11.10

Particular


Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira
de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular.
Marisa Monte


Eugenio Recuenco