29.12.08

Ó pele cândida da rosa alva
Ó manto de doçura que cobre a rubra alma
Cobre-me também
Em minhas noites, abandonada.
Venha a mim como resposta à minha prece
Como o delicado desejo a ser saciado.
Responda-me, ó fragmento de candura, reponda-me!
Não deixais assolar a alma desse sonhador,
Que vive a esperar por você, pelo seu calor.
Não deixais morrer o desejo meu
Busque-me, ó rosa,
e me contente com sua feroz alma,
Mostre-me além de seus delicados traços.
Venha, rosa minha, traga-me toda sua paixão
e derrama sobre mim o que só pode ser visto
por trás dos olhos teus.
Cubra-me com teu alvo manto de proteção
e adormeça comigo realizando o sonho meu.

26.12.08

Ok.
Vou escrever que é pra tentar tirar de mim essa garra que aperta agora o meu coração como quem anseia esmagar algo. É só no intuito de aliviar que proclamo as palavras que direi, que tento desenrrolar o fio embaraçado aos seus outros dilemas, afinal escolher entre azul e verde é tão árduo quanto escolher entre fumar ou não. Só as consequências é que são mais ou menos complicadas (Afinal de contas você pode ir de verde àquela festa de casamento e a decoração ser da mesma cor, enquanto todos fumam cigarro de qualidade enquanto você se esquiva em vão da fumaça tornando-se fumante passiva - seria mais agradável acender seu próprio tabaco).
Então aumente o brilho do monitor agora, porque a minha história não tem brilho, não tem glamour ou Jazz. Não há para ela Rock'n roll, Blues, Mpb ou Ópera. Pra minha história só há Chorinho.
Minhas escolhas não foram lá das mais acertadas e, talvez, também não das mais saudáveis - e provavelmente continuam sendo -, mas foram com elas que cheguei aqui.
Demorei tanto.. escolhi errado: Psicologia seria o certo, eu teria conseguido. Mas a comunicação foi o que me atraiu mais, enfentiçou-me; não deu.
E é assim que eu tenho continuado, demorando demais, pensando demais e escolhendo errado. Temendo o nada, o vácuo, o buraco negro que eu nem sei se existe.
São só possibilidades, suposições, promessas... E eu vou acabar jogando, definitivamente, fora por fazer o papel da mulher burra que se acha sensata e ouve demais o mundo, a razão.
Mas eu cheguei aqui, bem ou mal é onde estou. Não que haja agora grandes realizações, sonhos encaminhados, vestibulares vencidos... Muito pelo contrário, eu fui vencida, derrotada. Perdedora. Só uma fraca. Mas os fracos não falam, não choram, não lutam, não amam.. Pessoas fracas são zeros à esquerda, e ninguém merece nada de nós, nem piedade, nem amor, nem medo. Nem o medo que nós, sentimos tão profundamente e de forma tão magistral (se é que as pessoas nessa posição têm esse direito), podemos dividir.
Eu, com minhas escolhas erradas e com as certas também; com meus jogos e apostas altas demais, com meus poucos grandes amigos, com meus muitos pequenos vacilos, e com os grandes poucos; eu que pensei demais estou agora com o coração na mão cometendo mais uma vez o que eu julgo ser meu maior erro: esperando.
Deixei de lado minha filosofia de não ser vítima e se tornar autor da própria história, responsável por todos os atos e consequências da própria vida por não ter mais certeza do certo ou do errado. Como criança que vem agora conhecer os buracos do nariz e os vãos dos dedos.
Os limites. Os sonhos. A vida. Os desejos. A tentação. Os vícios. As responsabilidades. A frustração. Os outros.. O que é mais importante que eu? O que é mais importante que os meus sonhos, a minha vida, e os meus desejos? Poderia alguém lutar sem saber ao menos pelo briga?
Eu queria tanto acabar com a escola, mas agora parece que foi ela quem acabou comigo. Roubou-me pedaços de coração, de ferocidade, roubou-me tempo, e agora me leva também certezas.
É a qualidade - ou defeito - do romântico ser de tal exagero, de tal angústia e solidão. É comum do romântico exaltar a amada!
'Ó amada de olhos doces, e cabelos negros
Ó querida que vem me visitar
Ó alvo e cândido anjo
Permitai que em seus beijos eu possa me entregar.'
Estes, os românticos - salvo nomes como de José de Alencar e Chopin - são como eu perdedores, que buscam no imaginário e no obscuro a fuga. Essa luta contra o monstro donãoseioquê que perturba a mente de quem deita pra dormir e acorda atordoado sem entender o motivo; E foi nessa luta que eu levantei da cama pra vim escrever. Foi só na tentativa de aliviar a dor. Não há ilustração maior para dor que aquela que nós sentimos, nenhuma dor pode ser maior que a minha para mim ou a sua para você. Ninguém sentirá o que eu sinto e é por isso que eu estou sozinha na sexta feira á noite escrevendo num blog que não interessa á ninguém. Porque eu preciso vencer sozinha os meus monstros sem nome, meus sentimentos reprimidos, meus dilemas cromáticos, porque eu preciso saber o que eu quero daqui pra frente pra poder focar meu olhar em algum ponto sólido e imóvel, pra não cair depois de rodar e rodar.. a gente fazia isso quando brincava. Talvez as brincadeiras de criança sejam, na verdade, grandes mestres da vida. (Amarelinha.. sai pulando pra chegar no Céu, não pode cair quando for pegar a pedrinha se não vai pro inferno;
Pula corda.. "Um homem bateu em minha porta e e-u, a-bri"
Peteca.. Não pode deixá-la cair, se não você perde e sai da roda. Talvez não possa entrar de novo.)
Meu desfile de cores continua, eu continuo vendo sem brilho. O vermelho opaco, sem aquele glamour; O verde sem o cheiro de árvore; Azul sem tom de roupa limpa. E continuo esperando...


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Que as metáforas não sejam mal entedidas por aqueles que ocasionalmente tenham perdido o tempo lendo. Tudo foi só uma tentativa frustrada de dormir em paz.

3.12.08

Os olhos brilhavam de um jeito diferente. Olhos apaixonados. Ela viveu, finalmente. Eles, finalmente, viveram. Conheceram-se. Estiveram lá. A espera tão custosa 'terminou'. E os dias foram belíssimos, noites curtas demais pra companhia, tardes longas demais pra falta dela.
Mas foram vividos, principalmente porque um dia a gente vê que só 'véve', quando deveria, na viver.
Seu sonho sendo realizado diante de seus olhos. Que inacreditável! Nunca imaginou, nem em seus melhores devaneios estar onde esteve e como esteve.
Mas acabou.
Os dias deles feneceram, como flores que vivem magnificamente e acabam sem glória. Os fins não são bonitos, nunca foram. Começos, em geral, também não são bons. Cabe fazer do desenrrolar da história o ápice de esplendor e magnitude. Tarefa cumprida ou não, a tentativa houve e meu consolo é saber que seja como for eles, enfim, viveram.
Agora, haja paciência pra curar a dor;
haja firmeza pra acertar o passo;
haja coragem para querer crescer e não ficar pequeno demais;
Agora, haja o que houver, vivemos.