30.7.09

Os olhos marejados indicam exatamente o que queria evitar: A tão esperada dor, que mais cedo ou mais tarde chegaria.
A dor que deixa mais viva as sensações, quantas decepções, frustrações.. Quantas, uma após a outra. A vida se tornou, de repente, tão morna. Eu, tão conformada com as coisas que eu mudaria drasticamente se não fosse só do meu jeito, tão receptiva a qualquer informação, boa ou ruim, seja lá qual for. Tão, sem querer, atenta aos pequenos detalhes que entregavam todos os pequenos erros de um amor tão consciente e sóbrio, que alguém precisou tirar-lhe do sério.
Traz, essa dor que escorre pelos olhos, as lembranças de um caminho que forçadamente foi preciso tomar. E de um que por opção mais fácil, duas vezes, foi escolhido. Um remorso, aquele velho 'e se?'
A vida que está aparentemente completa clama por algo a mais. Por uma mudança, uma esperança brilhando no fim da reta, qualquer sinal que diga: "Ei, resista! Seu mundo vai crescer, ele está inteiro e vai crescer cada vez mais. Você vai poder. Resista."
Mas não há sinais, nem vozes... O trem vai descarrilhar.
Há uma dor que vem de todos os lados, como em fogo cruzado, tentando derrubar quem está no meio. Me faltam sorrisos, vivacidade, cor, juventude. O que mais me falta? Eu busco dentro de mim cada pequeno fragmento, mas não há sinais. Não há nada por enquanto, só essa maldita dor.

14.7.09

Popular para raros.

Nas últimas décadas é fácil observar a falta de critério que as pessoas têm tido ao escolher as suas músicas preferidas. No rádio você só ouve aquele forró que toca na novela, aquele dance que toca de 20 em 20 minutos, e aquela pagode ou sertanejo universitário que pelo menos 200 grupos/duplas já gravaram - uma versão pior que a outra.
A verdade é que de alguma maneira as pessoas perderam o gosto pelo eufemismo, o suave deixou de lhes agradar. A Música Popular Brasileira de popular não tem mais nada, é apreciado apenas pelos raros, que em meio à degradação musical continuam críticos em suas escolhas musicais.
Agora analisando os dois quadros musicais é possível observar como coisas relativamente semelhantes são ditas de maneira tão diferentes. De um lado é feita a imagem de uma mulher de personalidade direta, mas não vulgar, do outro a imagem que se passa fere extretamente o gênero feminino expondo de maneira ordinária a personalidade da mulher.
"Se acaso me quiseres sou dessas mulheres
Que só dizem sim por uma coisa à toa
Uma noitada boa um cinema, um botequim"
"Eu vou pro baile procurar o meu negão
Vou subir no palco ao som do tamborzão
Sou cachorrona mesmo e late que eu vou passar
Agora eu sou piranha e ninguém vai me segurar"
"E de fato eu sinto em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas e eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança."
"Tô sofrendo de saudade, Tô morrendo de vontade
De te amar e te abraçar de novo
E você não quer me ver
Tô fechando todos os boteco
E secando todos os caneco
Fiquei louco, alucinado e de tristeza comecei a beber."
"Meu bem você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa
Molhada de suor
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras..."
"Quer me mostrar como você vai fazer baby?
Sem problemas, venha por cima
Então faça seu melhor salto,
Eu me encaixo na parada quando essa merda vem[...]
Vou te levar pra loja de doces
Vou te deixar lamber um pirulito
Vai garota...não pare
Vá indo até atingir o ponto"
Entre tantos outros absurdos musicais que eu prefiro nem citar.
Fica muito explícito que: O que é dito é relativamente igual, o que muda é como se fala e isso faz toda diferença.
Esse texto será reconstruido. Agora me deu sono e eu preciso descansar meu coração , afinal o cotidiano me pega, e eu preciso ser inteira, não só metade de mim.
Bons sonhos e boas músicas!