29.8.10

Sua partida

Hoje parece ser o dia mais triste desde que saí de casa. Minha mudança tão esperada há tempos atrás hoje se mostra um grande erro, tarde demais pra perceber, e cedo demais pra voltar.

A pior forma de ter é o ‘ter’ longe. Onde você possui um corpo e um coração, mas não pode desfrutar disso quando precisa. Se não se tem, ok. Você já sabe disso. Mas quando é assim... É como uma pilha de papeizinhos que pode desmoronar a qualquer momento. Um peso isoladamente leve, mas uma é uma enorme pilha de papeizinhos, eles vão me soterrar em anotações de consultas, lembretes, números, músicas e datas. Eu posso simplesmente morrer pela ‘rotina de desilusões’.

Eu tenho tanta coisa pra fazer, mas não vejo motivo para fazê-las. Porque limpar, simplesmente para ficar limpo? Porque organizar, para ficar arrumado? Porque pintar, correr, comer... Porque estar aqui? Eu só consigo me lamentar pela partida. Até agora parecia tudo tão perfeito, mas ele se foi e levou uma parte do que era meu, meu amor. Levou além da alegria o cheiro que ficava na cama, o suor que grudava em mim quando fazíamos amor, e até o ronco que não me deixava dormir. Tudo parece bonito agora, talvez um dia não seja mais, provavelmente um dia o ronco pode incomodar assim como o meu bruxismo, e o suor pode incomodar por sujar mais um lençol limpo. Mas agora eu sei que é tudo bonito, e que eu amo cada pequeno detalhe desse e é disso tudo que eu sinto falta. E vou sentir todos os minutos até eu ter de novo. Agora eu tenho uma cicatriz no cérebro, preciso que alguém me ajude a fechá-la.

“Nem parece que o esperado, num instante desapareceu”

24.8.10


A guerra está dentro do seu coração, da sua cabeça; O seu mundo, só depende de você.
Entenda.