13.12.16

Mais um dia que não lembro da noite.
Eu devia fazer um diário para anotar o que puder, assim me lembraria melhor da minha própria vida. 

11.10.16

Eu queria escrever sobre a sensação de que tudo depende só de mim.
A força de vontade que poderia movimentar qualquer corpo em qualquer direção.
Acontece que, contrariando os otimistas, o tempo tá passando. E a voracidade é como a própria juventude, vai se perdendo com o tempo. É natural.

No marco da entrada para a vida adulta sinto as costas doerem, o juízo ceder e o equilíbrio bambear;
Não é como antes.

Pedalaria dezenas de quilômetros tendo como ponto de partida apenas a vontade de chegar. Trabalharia 18 horas sem pestanejar nem me exaurir apenas com a missão de concluir algo.
Sairia para o bar depois de dois turnos de trabalho e faculdade à noite.

Hoje as coisas são diferentes.
Os 25 estão bem aqui.


21.9.16

Saudades da minha amiga

Para:Ísis Capistrano


Eu que andei demais por ai, achei que nunca ia ter raízes. Os amigos tinham amigos de infância, eu só os colegas do colégio. A diversão nunca vinha comigo pra casa, ficava lá. Com eles. 

Isso mudou quando descobri uma alma parecida com a minha. Me ensinou "sororidade" e lealdade.
Depois de plantar foi-se embora. No auge da colheita. 
A união é de alma. Não é necessário o espaço físico para nos manter ligadas. Mas nada como a presença. 

Hoje meu cacho descacheou, porque não se espelha em mais ninguém. 
Minha firmeza amoleceu porque não tem ninguém pra me ajudar a me convencer de que sou forte o  bastante pra loucuras que planejo. 
Minha maquiagem é sempre a mesma e não há planos pra terça-feira à noite.

Espero pela volta, sabe-se lá quando, de alguém que considero parte de mim. Me ajuda a ser feliz.

Tô manca. 
Tô com saudade dela.
Tá fazendo mais falta que a cerveja de terça. Tá tudo sem graça demais. Preto e branco demais. Estático demais. Só ela que tem de menos.

16.6.16

Bichas são mais mulher que eu

Elas dominaram tudo!
Estão por todos os lados e cada vez tem mais bicha por aí. E, pô, que bom!
Não há 'ditadura gay'. Há o emponderamento desse grupo que vem ficando mais nítido e dia após dia se estabelece na sociedade.

Há de observar que nem todo gay é bicha, e nem toda bicha é gay, embora seja o mais convencional;
Mas não me refiro aos gays. Estou falando das bichas.

Gente que dança quando toca música - principalmente - pop. Homens que se maquiam, usam bijuteria, arrumam e pintam os cabelos, pensam na roupa que vão usar antes de se arrumar pra festa, e muitas vezes até compram peças novas. Sem contar que sabem de todas as tendências e andam de uma maneira exclusiva.
É por isso que digo que são mais mulher que eu.

Longe de mim querer ser 'sabe tudo' num assunto que não me diz respeito; Mas esses homens que se manifestam assim carregam antes de qualquer brinco pesado uma coragem sem tamanho. A coragem de ser quem se é e viver feliz, custe o que custar.
E diante disso, pintar os lábios e as unhas é só um detalhe.
Mulheres fazem isso: São corajosas e buscam a felicidade continuamente. Custe o que custar.

Vida longa às bichas!

19.4.16

Eu sabia que esse dia chegaria.
O dia em que me exauri.
Como se toda a vida, toda a energia, toda vitalidade tivessem sido gastas de uma só vez. Coisa de gente que viveu demais. Que se deu demais.
E agora, não tem mais nada.

Como se toda autoconfiança tivesse sido usada numa só bala.

Os planos sumiram. Havia um. Havia vários, aliás. Coisa de gente esperta, que sempre tem um outras alternativas. O plano B, C... Hoje, se quer tem o primeiro.
Os caminhos se perderam; se cruzaram; as pontes se romperam: tudo está inacessível.

E ao redor, é mundo demais pra se importar com isso.

Toda a vida eu tentei vencer esse bicho dentro de mim. Ora como um animal voraz, ansioso. Ora como alguém indefeso, delicado demais pra mim. Equilibrei na corda bamba. Por todos esses anos. Uma angústia sem tamanho, sem direção, sem motivo, e que agora está me vencendo. Uma dor física que corrói meus dias. Um aperto no peito que me perde o fôlego às vezes. Parece que vou morrer, mas passa, e eu não morri.
Continuei buscando o caminho.
E onde antes tinha o discurso 'siga em frente', 'só você vencer por você' hoje encontro 'para quê tudo isso?'. Como é possível viver nesse mundo doente e também não se contaminar?

Tem muita gente, de todo tipo. Mas boa parte é ruim. E essa parte não é maior que a outra, mas tem mais poder. Nos comanda, nos lidera, nos governa. Bando de babacas. São quase inatingíveis.

Eu queria fazer a diferença; É por isso que tenho jornalismo como ofício. Mas no lugar de grandes investigações me deparo com uma rotina desesperada, discussões e nervos à flor da pele, além de incompetência e um diário exercício de paciência. Às vezes o exercício falha e a gente pensa "para quê tudo isso?".

A vida tá passando, e no lugar de sonhos eu tenho nada. As coisas que gostei me parecem desinteressantes. Sou grata e orgulhosa pela minha carreira, meu carro, e os poucos bens que possuo. Mas Para quê? De que servem essas coisas?

Porque é que aquele senhor bem velhinho, visivelmente debilitado e com roupas velhas precisa vender picolé nas ruas andando quilômetros com um chinelo de dedo? O que ele fez pra merecer essa velhice? Não foi um bom homem? Foi egoísta? Fez escolhas erradas e perdeu tudo que tinha? Foi uma vitima do mundo? É certo acreditar que ele foi arquiteto do próprio destino?

Porque eu presumo ser do meu?
A angústia de não saber pra ir poderia ser substituída pela paciência de acreditar no destino. Mas ser assim é pedir demais pra mim.