Sabe essa saudade que ás vezes dá de nós mesmos?
De ser como era antes, mais profunda, mais talentosa, mais dedicada às coisas tão mais importantes que o trabalho.. Estudar só por querer saber, tirar fotos, ler romance e novelas, tomar banho durante a tarde, e fazer bolo de cenoura pro namorado.
Queria ter aprendido a tocar violão e fazer uma canção pra ele, uma canção pra nós. Mas eu não aprendi, quando decidi dedicar-me à isso tive que me dedicar à outra coisa. Daí eu podia escrever um verso, mas pra isso não sou tão boa; não sei se seria boa fazendo uma canção também... mas eu nunca tentei, e só dá pra saber depois que tenta.
Deu vontade de escrever como antes, me desprender do que me interrompe, do que me regula. Mas pareço não poder mais.
A gente muda, não muda? Eu nunca mais vou poder ser como antes? Vou sentir essa saudade pra sempre? Eu quero às vezes poder ser como antes e pintar a ponta do cabelo, usar samba canção, ouvir róquinrol... E não só estar acordando às 7:40, tomar banho, me arrumar e ir pro trabalho, almoçar, em 10 minutos, minha comida fria no fundo da loja da maneira mais desconfortável possível, e voltar para o balcão sem uma perspectiva de melhoria. Sem meu violão que eu deveria conhecer, sem O Lobo da Estepe, A hora da Estrela ou nenhuma outra grande obra pra me acompanhar no bolso.
A questão é que de repente, no escuro, tudo ficou mudo (exceto um gato ao fundo miando agonizando a fome ou a dor) e me deu a impressão de que o mundo ia acabar e eu ainda não tinha feito nada do que eu queria fazer para mudar o meu mundo, é claro. Eu estava longe do meu bem, sozinha no escuro e sentindo saudade de mim.
Não pode acabar, eu ainda não fiz aquela canção de amor.
2 comentários:
belo texto, bela expressão com as palavras...
sabe so queria dizer que isso passa... são apenas fases da vida... e quando voce menos espera aparecem oportunidades que mudará suas expectativas... digo isso por experiencia propria ja passei por isso ja me senti assim muitas vezes e por muito tempo...
bjs jaque
To impressionada! Todos esses seus textos da primeira página são muito parecidos (em termos de conteúdo, de sentimentos) com alguns que já publiquei... Fico aqui pensando: Que bom! Não sou só eu que sinto a vida dessa forma! rs
É bacana perceber essa identificação com alguém que nem conheço!
bjs,
Simone
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