17.9.08

1 de tudo, até o fim. (Caldo)

Hoje vou começar. E vou começar assim, do nada, que é pra assustar quem chega só agora. E fazê-los ir logo embora. Assim poucos saberão sobre ela.

Vou falar que é pra extravassar essa coisa reprimida, coisa que eu nem sei o que é. Só sei que tem algo dentro de mim e está prestes a explodir; quer sair... Como um filho, que a mulher deixa crescer em seu útero e cuida dele, pois faz parte dela, e depois de nove meses ela tem que apresentar-lhe ao mundo. Está na hora de eu apresentar o mundo á isso que há muito me incomoda.
Eu preciso mesmo é me desligar das outras coisas, tomar um café e tentar pensar só nela, para que possa falar bem, falar direito. Á sua altura.

Ela que me irrita profundamente, porque ergue a sobrancelha num jeito prepotente, com um olhar não sei se malicioso, ou desafiador, ou ambas as coisas ou nenhuma delas... faz como ele.
aquele seu amor platônico que ela não alimenta, mas que insiste em desenvolver-se. Esse seu amor deve ocupar pouquíssimo espaço em seu coração, ele deve estar cheio demais daqueles seus pensamentos e desejos pessimistas e cruéis consigo mesmo. Mas não adianta falar. Ela sabe o que faz, mesmo quando o faz involuntariamente, entende o que faz.
Pena não ter consciência de seu sorriso. Seu sorriso é tão lindo, e ele é interior. Eu percebo que ela sorri por dentro a todo momento. Não entendo porquê não sorri de verdade, mas aproveito quando mostra sua arcada dentária. Aproveito o máximo que posso.

Meus dias estão se extinguindo, mas enquanto eu os tenho vou observá-la de longe. De longe que é para que ela não perceba e se mascare novamente. Tá aí: mais uma coisa que me irrita nela, ela sempre tenta ser o que não é!
Porquê não se contenta em ser uma menina de sapatos vermelhos e sorriso bonito?
Não..! ela quer dispensar seu sonho de trabalhar na tv para fazer engenharia. Por quê? Porque dá mais dinheiro? Porque quer ser como ele?
Ele. Ah! ele de novo. Parece que em breve eu também estarei apaixonada por ele, porque sempre que penso nela lembro-me, simultaneamente, dele. Aquele maldito! É ele quem a deixa assim. Se eu pudesse matava-o. Mas ela morreria. Como pode? Ela é como ele. Uma cópia quase que fiel de 'su matador'.
Como ela vai ser virar sem ele quando seus dias se findarem?
É isso! Por isso ela abre mão de seus sonhos, para viver os dele, e viver com ele. Mas isso nem ele sabe.
Sabe erguer a sobrancelha, sabe ser prepotente, sabe ser como ela. e ela ele. São gêmeos, que se odeiam; mas ela o ama.
Como pode caber dois extremos sentimentos no mesmo coração e dirigidos á mesma pessoa?
Pode? Claro que pode. Ela pode qualquer coisa.
Ser atriz, diretora, professora de física ou prostituta. Ela só não pode é ser igual. Não dois dias seguidos.

Ela é como eu. Com essa mesma gana de fingir.
Talvez não exista nada que ela faça melhor que fingir. Finge o tempo todo. Fingia.
Não finge mais. Não corre mais. Não luta mais. Sabe o que é, e sabe o que quer. Só não sabe se quer querer. Mas tem a consciência do que faz, cada mínimo detalhe é de seu conhecimento.
Já eu não. Eu que vivo, também, tentando boiar em minha piscina, que é tão profunda e de tanta profundeza evito mergulhar. Não sei nadar, como posso fazê-lo em mim? Não faço. Ela sim:
Nada nela, nada em mim. Nada em qualquer um e em todos.
Chega dela. Chega disso.

Um comentário:

Clarice_Reis disse...

Mas o que posso eu dizer?Que amo você ,só pode.Sabe como é,acho que ninguém daquela sala ou mesmo alguem que foi meu melhor amigo ou amiga me conhece tão bem como você.
Amei cada detalhe do texto,não sabia que ia ficar tão Clarice Lispector assim!Amei mesmo,não por conta de falar de mim o tempo todo,defeitos e qualidades,mas de ter sido o mais sincera possível,ele está perfeito.Vou fazer um para você.Não chegará nem perto desse,nem aos pés,mas sabe que um dia farei e espero que goste dele o mesmo tanto que gostei(amei)este.
Sabe que tinha umas partes irritantes e incompriensíveis?Sei lá,esse negócio de verdade na cara dói,e bom acho que a única coisa que você escreveu a meu respeito que penso ter sido uma inverdade foi sobre viver o sonho dele,não é o dele,é o do meu pai,portanto é o meu.Eu não tenho culpa se ele quer essa droga junto comigo.
Mas enfim,esse só foi um detalhe sórdido que agora foi mudado por mim.
Beijos,e obrigado por tudo,que me deu,ou me ensinou,pelos conselhos,palavras duras ou algo do tipo,tudo.Tudo mesmo.
Amo você.Você valhe a pena.