E eu sobre seu corpo me deitava.
Acordava com um beijo nos lábios, uma mordida na orelha...
sentia os poros da língua descendo por seu tórax: barriga, umbigo.
Ílio, ísqueo e púbis, quadril. E voltava a subir.
Pele macia, língua áspera. Era tudo que sentia além das mãos deslizantes.
Cabelo, nuca, pescoço. Costas, cintura, quadril, pernas.
E assim ia. Nesse vai e vem. Vai e vem.
Língua, mãos, lábios.
Até que deixou-se levar e passou a retribuir o carinho.
Passei a sentir também.
e assim continuou.
Língua tão macia quanto a pele, as mãos pareciam virgens.
Como a quem pertencia os braços que as carregava.
Suas mãos. Mãos de artista. E nisso tudo eu via romance.
Ainda sobre seu corpo.
Lábios, língua, poros, pele...
Embora não fosse o desejável continuamos em silêncio; era isso que o ambiente exigia.
A cama ao lado estava ocupada, e não queríamos interrupções.
E em silêncio continuamos.
Até que adormeceu novamente. Adormeci sobre seu corpo que parecia já sem vida, esgotado.
Roubei-lhe todo desejo, todo prazer e retive a mim.
Agora seu melhor era meu.
então acordei.
mais uma alucinação na madrugada. só mais uma.