Hoje eu queria ter vivido só pra mim, ter feito só as coisas que eu realmente adoraria ter feito. Nada das obrigações baratas apararentemente importantes... Queria ter sido só minha.
Sinto que meus dias fenecessem, como flores que findam sua existência sem que ninguém as tivesse contemplado - inutilmente...
Percebo cada minuto passando por mim, cada um deles sem vida, sem cores, sem música... sem nada! Só passam. Sem o devido brilho que deveriam ter. Fazem parte da minha vida, da viagem que fiz até aqui, não deveriam ser assim. Deveriam ser importantes, todos eles, um á um. Mas não têm sido.
Hoje e só hoje eu queria não ter ido á escola, não ter ido ao cursinho e não ter voltado tão cedo pra casa. Queria ter feito as coisas que nunca fiz e sempre quis fazer. Preciso me realizar! É o que quero: realização instantânea. Uma alegria tão súbita quanto meus minutos.
Mas agora sinto novamente aquele friozinho na barriga, bem típico! E sinto que as coisas estão destinadas a começarem a mudar, mas caminham tão lentamente que para mim é descompassado: não consigo dançar com a música da minha própria vida! Que trágico! Posso tropeçar a qualquer momento sobre meus calcanhares por quererem atropelar o ritmo da melodia..
Minha música e não sei compô-la, não sei escrevê-la, nem dança-la.
Não sei como fazer nada, e enquanto isso meus dias se extinguem-se passando por meus olhos como um videoclipe sem áudio. Sem som. Sem música.
E continua tudo mudo. Imparcial.