12.3.09

De Todos os meus amores serei atenta!

De todos os meus amores serei atenta, para que possam viver em mim até que minha casca não aguente mais, nem a eles, nem a mim.
Afinal, lembro-me de todos que me foram gentis, de todos que me foram amores. E especialmente dos me foram amantes. Mas houve uma época que isso não existia. Minhas paixonites platônicas pré-adolescente não me corrompiam. Eu já fui bem menos libertina que atualmente.
Alimento todas as minhas lembranças grandes e pequenas dos mesmos amores. Os mesmos galanteios mentirosos que me fizeram acerca dos mais distintos momentos.
_ Você fica muito sexy com essa calça branca. Disse ele enquanto me abaixava para pegar o material escolar.
O que eu podia ter respondido? Corei as maçãs do rosto, dei um tapinha em seu ombro e saímos de mãos dadas sorrindo a ingenuidade do primeiro amor.
Houve aquele que disse, ou escreveu, não me lembro das fontes que me fornecem informações, só guardo os dados:
_ Você é a mulher mais linda com que já estive.
Sorri ao amante, um sorriso que o confortasse. Porque pareceu custar dizer isto, como quem tira uma pedra do peito... Ah! Meu amor, meu grande amor. Faltou suspirar-me "carma" enquanto adormecia a meio metro de distância de mim. Separado por um abismo de 2cm. Acordou e disse algo sobre uma pintura na espelho. _ Um anjo acertou ao pintar nosso retrato. Combinamos.
E depois disso partimos. Cada um para seu lado.
Alguém me prometeu céus e terras, e por fim não deu nem um vaso de plantas murchas. Acabou me dando apenas lembranças de um passado que eu achava ser feliz, mas hoje vejo a escravidão a que, voluntariosamente, me submeti.
_ Teremos uma casa lilás e um labrador.
_ Mas eu não gosto de cachorro.
_ Eu gosto.
_ Ok. Teremos um labrador.
De olhos fechados por um amor que me pareceu existir eu julgava sentir a mais nobre das emoções e ver através dos outros sentidos. Só não conseguia ver, nem cheirar. Se eu pudesse veria e sentiria medo no meu suor. Mas foi um amor vivido.
Há também os amores que nos enchem dos galenteios mais absurdos, mais mentirosos e provavelmente gastos e velhos de já tão repetidos.
_ É seu cheiro ~ Me dizia ele com a boca no minha orelha. Um susurro; Um beijo; um abraço gostoso... Então virei-me para ele e a noite inteira seria curta para nós. Amantes da vida.


Mentirosos e verdadeiros. Frustrantes ou não. Foram todos meus amores. Os pseudo padres, cantores, escritores, doutores, cabelereiros ou sem ofício algum.. Todos meus amores, intensos ou pequenos. Vou levá-las comigo, memórias. Vou trazê-los, um a um no meu peito com o carinho reservado que cultivaram. Todos são tijolos, degraus, capítulos. Todos eles, agora distantes de mim, contribuiram para formar o que sou. Nos meus bons e maus momentos.


Amo-os. Todos eles, os que já foram e os que ainda poderão ser. Amo os que eu conheci profundamente, amantes e amigos. E é assim que eu vivo, vivo de amor; do meu amor que agora de tão espalhado parece ser pouco para mim e por isso preciso do outro. Para me amar do mesmo jeito com que amei cada peça do meu passado e cada figura do meu presente e futuro.

De todos os meus amores serei atenta. E de ti cuidarei, para que não seja, um dia, mais uma peça do passado triste que deixei para trás.


8 comentários:

Priscila Costa disse...

Lindo! Só [não só] isso ! - Eu, do Ziguezagueando no Meu sétimo Andar.

Thalyta França disse...

mto bom =)
gostei pacas.

Anônimo disse...

Muito bom!


Muito bom mesmo!


\o/


E olhe,que não sou de elogiar qualquer um não!

Eu só elogio o que realmente gosto...

ueheueheueh


bjosss

Priscila Costa disse...

é, eu que coloquei um pedaço de mim. Só por me identificar mesmo. se quiser que eu tire, pode ser direta! =]

=@

Clarice_Reis disse...

Que bom saber que os guarda com tanto carinho,bom saber que você tem amor demais.

Saudades maldita:*

G. disse...

Tem um período muito famoso na literatura chamado Trovadorismo, foi a partir dele que esse movimento de eletrons fisicamente e telepaticamente que nós (humanos) sempre conhecemos, foi denominado - amor.

Tem uma escritora americana que a tempos atrás, foi martirizada pelo fato de protestar; 'o amor é um produto capitalista, invenção do sistema. Casamos, compramos casas, tempos filhos, estamos sempre renovando o guarda roupa para ficarmos mais bonitos, entre outros. Tudo isso pra que? Para o amor, para o amor. O amor movimenta o mercado poderosamente'. (Não lembro o nome dela).

Fiquei com vontade de escrever algo depois que li seu texto. Você está tão boa ultimamente (sempre foi, eu sei). :*

Flor Baez disse...

Adorei!

... disse...

Realmente Vinícius de Morais é inspiração perpétuua a todos os mortais que sabem lê-lo.
Parabéns pelo texto, senti ser muito sincero.
No que diz respeito ao comentário acima deste, discordo profundamente; tanto do autor quanto da autora.

Duas perguntas:
1° O capitalismo sempre existiu?
2° O amor sempre existiu?