3.9.14

Às cordas da cabeça

Mas daí você me largou. Esqueceu-se de ser especial só comigo. Foi com as outras. Com os outros. Com todo mundo.
Começou a ser comigo só assim.  Que nem é com todo mundo.
Isso foi naquele dia, em que tentei deixar pra lá.
[ E não tocar mais no assunto do quanto tocou em mim essa coisa de não tocar em mais ninguém. [?]
E daquele dia em diante você parou de se apresentar. E, como quem age naturalmente, entrou com todos os riscos e gracinhas que lhe cabem de forma singular.

Agora fica assim, sendo você com todo mundo. Quando deveria ser só comigo. 

25.8.14

Sobre as coisas que morrem e os pequenos dramas

As coisas só crescem quando acreditamos.
Quando damos fé e força àquilo. Não alimentar algo que vive é o mesmo que matá-lo lentamente.

Já os pequenos dramas, que tão bem fazem ao libriano, vão na contramão do acreditar. Estes nascem pelo vazio que dá no coração oco. 
Tanto amor que cresce, transborda, se esparrama. E vai ficando por aí, florescendo pelo caminho e eu, cada vez mais, sem nada. 

Floresce em mim.

A criatura original me fugiu, como um bicho no mato. Porque nunca o que fácil me servirá. Até mesmo quando era palpável, saltou para longe demais. E levou consigo mais flores que eu ousei semear. Mais uma vez, para mim nada. Apenas o espaço que as flores abandonadas deixaram. 

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[Na prática, não gosto de viver nessa linha tênue. Não gosto de jogos. É claro o desejo. 
Mas dessa vez, abro uma exceção e encaro o que há de vir. E aparentemente, serão dias cada vez mais terríveis]


24.6.14

Do avesso da carne

E se por dentro o me falta é a solidez, 
Por fora esbanjo coragem.
meu sangue escorre, vermelho tão escuro quanto o que pesa minha mente, e, leva embora a verdade disso tudo.

Reencontrei meus pesadelos, 
Mas para revê-los tive que voltar ao começo. Ao fundo do meu peito.
Tive que rasgar minha carne e encontrar minha alma, 

onde, imaginava eu, já não existia mais.

Encontrei comigo os amuletos perdidos
as canções esquecidas, os hábitos antigos e as quimeras. 
[Que há tanto já nem tinha]

E Se me rasgo, no meu fundo encontro a essência de mim mesma. 
Luto contra meus monstros, e não há outra opção, que não vencer.
E aos poucos me livro do que me empobrece, 
do que me suja, do que me persegue,
e do me leva pra longe dos meus.

[E que agora, não me perca em mim. 
Que a saída esteja disponível, 
Volto para mim, com medo da madrugada. 
E uma coragem inventada, para derrotar meus ladrões.]

8.6.14

Da ânsia

De nada me consola o sexo mal resolvido
O asco do dia seguinte só me pode soar mal.
O cheiro impregnado e indesejado.  Tão forte quanto o querer de livrar-se dele;

E se dos sonhos, o seus são os que me dão mais ânimo
Prefiro alimentar a fantasia
Esperando a verdade vir, e trazer um novo fôlego ao que me tira o ar

Ao que me deu nitidez: O foco no escuro.

15.4.14

Tenho chorado demais
tenho sofrido pra cachorro
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro. 
Belchior

3.4.14

Do Otimismo

Algo se mexeu por dentro e mandou voltar atrás.
Foi o sentimento de fúria pelo que perdeu, que motivou esse movimento. O Quanto deixou de saber?

Lembrou-se da fome inesgotável de si mesmo, de conhecer-se. Olhar-se a fundo.
E para isso fazia o caminho inverso. Investigava o mundo, via, ouvia, conhecia, investigava, aprendia.

Sobre si uma avalanche de responsabilidades e compromissos, além do inevitável cansaço, fizeram o improvável: Tiraram-lhe de si. Esquecendo da parte boa de ter coragem de ser quem era. Uma onda conduziu até o outro lado. Onde tudo era mais tenso e cansativo.

Mas quando acordou e abriu a janela viu um sol brilhante e um dia que convidava a viver. Resolveu então do dia pra noite reconstruir-se e fazer-se otimista.

Otimistas vivem mais, vivem melhor. Pensam mais leve, acreditam em si mesmos, investem no que faz bem.

Por um lado perdeu o medo de estar só, por outro viu um dia lindo. No todo conformou-se de fazer o melhor que pudesse para fazer-se feliz. Esperar que o dia mostrasse as surpresas que teria.

Não satisfeito com aquilo que se mexeu e deslocou tudo de lugar, o dia seguinte também foi lindo.

[Mentira! O dia seguinte foi uma merda]



É só olhar pra trás.É do passado que se começa. Tanta gente boa já ficou lá. Inclusive eu mesma. Como eu era uma pessoa melhor.. ah! dá até um remorso parar e pensar com carinho no assunto. Quantos princípios, ideias, objetivos e sonhos.. tudo deixado pra trás. Esquecido. Tudo porque eu desisti deles - por um motivo, ou por outro.- Só como alguém que sonha durante a noite, mas quando começa o dia... já foi. É só algo que se perdeu e não há nada a se fazer, como quando o mar leva alguma coisa. (E não vale pensar naquelas garrafas com cartinhas que, incrivelmente!, aparecem em algum lugar. Só pense em algo que simplesmente não será recuperado).Onde ficou toda parte boa de mim é a pergunta. Algo deu errado. No meio do caminho, algo saiu do plano, e ela simplesmente ficou lá, talvez com medo.Agora eu lido diferente. Não importa mais.Só me importa o que me vem. O que o mundo tem pra mim. Agora eu valorizo as pessoas e espero o que elas podem me ofertar.(E Porque não? O Homem é a melhor e a pior coisa desse mundo. É uma criatura no minimo interessante de se conhecer. E cada um é um universo único) _[No entanto, quanto mais se aproxima do todo, mais se distancia daquilo que era no início. E já é tão longe que não lembra mais. Qual era o começo? Como era, no primórdio, a essência vital?O fato é que, de tão afastada do ponto inicial, se dividiu em muitas coisas.-E Cada pouco que se conhece de cada uma dessas unidades, mais se absorve. Isso cresce, como a planta que recebe luz, pois cada raio de luz nos transforma em algo. E no futuro, se é que ele virá, olhará pra trás e verá mero reflexo do que acha que viveu um dia. E nada disso estará lá. Só ficam as coisas que acreditamos. O resto, é como se o mar tivesse levado.