No fim das contas eu estou sempre sozinha.
Quando eu mais preciso estou sozinha. E ainda me culpam por parecer fria demais de vez em sempre... Fiquei assim. Fria e sozinha. Como uma velha seca.
Chorar na multidão é uma fraqueza raríssima. De quem já não agüenta mais sobre as próprias pernas. De quem já não consegue mais sozinha. De quem implora por ajuda e num grito desesperado grita: Cuide de mim!
Mas tenho amor. Tenho tanto amor, tanto amor pra dar. Pra receber. Eu mereço. Sei que mereço ser feliz. Porque então não consigo alcançar a plenitude?
Essa casa vazia e esses móveis, brancos demais para mim, chegam a me irritar. Onde estão meus amigos? Cadê um abraço, um beijo? Não tenho consolo. Só sei chorar e chorar. Aonde isso vai dar? Numa cara inchada e ‘embriagada num espelho de um banheiro’.
Nem tenho ninguém pra dividir uma cerveja e umas mágoas agora. E era agora que eu precisava. AGORA;
Mas agora estou ocupada demais defumando a minha casa. Bebendo minha cerveja quente e chorando minhas mágoas no computador. Lindo não?
Depois reclamam por eu ser uma velha seca...
Foi assim que eu aprendi a ser.